Quando o próximo presidente da República tomar posse, em 1º de janeiro de 2011, o padrão de consumo das famílias brasileiras estará em plena transformação. “Teremos uma combinação de crédito farto com renda em alta e emprego formal em expansão (estima-se a abertura de 1,5 milhão a 2 milhões de vagas por ano)”, afirma o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. Mas, para sustentar esse quadro sem que o fantasma da inflação se assanhe, será preciso um aumento expressivo nos investimento produtivos. “Não vejo problemas. As empresas estão se preparando para ampliar a oferta e tirar proveito da revolução que estamos vendo na economia”, acrescenta.
A demanda, destaca Felipe França, economista do Banco ABC Brasil, será puxada pelas classe C e D, as que mais têm se beneficiado da elevação da renda e do controle inflacionário. Juntas, elas já consomem mais do que as classes A e B e estão impulsionando as regiões mais pobres do país, o Norte e o Nordeste. O melhor de tudo, na avaliação do diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário Mesquita, é que o consumo das famílias não está se dando por meio de um superendividamento. Como os rendimentos reais dos trabalhadores têm avançado e os juros dos empréstimos estão em baixa, o percentual do orçamento familiar comprometido com empréstimos vem se mantendo estável.
“Finalmente, podemos dizer que o consumo no país está sendo democratizado. Isso foi possível graças ao empenho do governo para recuperar a estabilidade econômica, investir em uma ampla rede de proteção social e acelerar os investimentos em infraestrutura”, diz o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. No seu entender, a massificação da demanda vai englobar, inclusive, o acesso à tecnologia da informação. “O Brasil está engatinhando nesse setor, apesar de a revolução tecnológica já estar presente no nosso dia a dia”, complementa.
Mesmo reconhecendo a importância do consumo doméstico para o crescimento anual próximo de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo dos próximos anos, Otávio Vaz, gestor de fundos da Global Equity, alerta que os brasileiros e, principalmente, o governo terão que aprender a economizar. É o aumento da poupança que permitirá que a taxa de investimentos do Brasil, de apenas 18% do PIB caminhe até os sonhados 25%, viabilizando o crescimento sem riscos de pressão inflacionária. “Uma taxa de investimento inferior a 20% do PIB será um entrave enorme para o futuro do país”, frisa o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
Para Nelson Barbosa, o incremento dos investimentos produtivos já está em curso. E se tornará mais consistente a partir do próximo governo, quando a taxa real de juros (que desconta a inflação) deverá estar oscilando entre 3% e 4% ante os atuais 5% a 7%. “Com a mudança estrutural da economia brasileira, a queda dos juros será inevitável. Ao longo do tempo, teremos taxa de apenas 2%”, prevê.
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