O jogo dos sete erros de Kassab;Especialistas apontam que a queda na aprovação ao prefeito está ligada a atos tomados desde 2009

A recepção hostil dos moradores do Jardim Romano, área alagada na zona leste, a Gilberto Kassab (DEM) na última sexta-feira foi sinal de que a relação do prefeito com o paulistano, que teve sua “lua de mel” na eleição de 2008, atravessa turbulência. A irritação de setores da população com Kassab é refletida também nos números: pesquisa Datafolha apontou que, entre outubro de 2008 e dezembro passado, a aprovação (soma de índices “ótimo” e “bom”) dele caiu de 61% a 39%, e a reprovação (“ruim”/“péssimo”) chegou a 27%. Entre um período e outro, o prefeito cometeu sete erros - direta ou indiretamente - que, para cientistas políticos  afetaram sua imagem.

Em dezembro de 2008, a poucos dias de assumir o novo mandato - após comandar a Prefeitura por dois anos no lugar de José Serra (PSDB), que se elegeu governador - Kassab tinha aprovação de 56% no Datafolha, igualando, na margem de erro, a marca de Paulo Maluf (PP) em outubro de 1996 - 58% -, quando ele elegeu o sucessor, Celso Pitta. No entanto, três meses depois, o democrata já havia caído para 45% de “ótimo/bom”. “Em campanha, ele foi apresentado como gestor eficiente, mas tomou medidas impopulares, como o aumento de impostos, sem se dar conta do que isto implicaria em sua imagem”, afirma o sociólogo Rogério Baptistini, pesquisador na área de pensamento político e social.

Assim, como em um jogo de erros, 7 medidas foram cruciais para fazer cair popularidade do prefeito. A primeira atingiu cofres municipais. Ao assumir o mandato, Kassab contingenciou 20% dos recursos do Orçamento - na campanha, havia dito que a receita estimada já contemplava efeitos da crise econômica mundial no Brasil. Em meio ao congelamento de R$ 5,5 bilhões - de R$ 27,5 bilhões -, o prefeito também anunciou, em agosto, corte de 20% nos recursos para varrição de ruas. “A cidade está extremamente limpa”, declarou, antes de recuar da redução, após temporal na cidade causar pontos de alagamentos e protestos da população. Kassab negou à época relação entre as cheias e o corte da verba.

Chuva localizada

Os temporais seguiram atingindo a imagem do prefeito, voltando a alagar a cidade do final de 2009 até agora. “A chuva afeta a população menos favorecida, maioria, e isto reflete na imagem do gestor”, disse Carlos Manhanelli, especialista em marketing político. Para ele, medidas impopulares tomadas por Kassab foram propositais. “É uma questão maquiavélica. O caminhão de maldades vem primeiro, depois ele terá três anos para mostrar benefícios e reverter a situação”.

Aliados de Kassab na Câmara Municipal mostram preocupação com o prazo de recuperação da imagem do prefeito. “Não é nada que não possa ser resolvido até o meio do ano, com a divulgação do que vem fazendo a Prefeitura. Mas é preciso agir logo”, afirma vereador aliado. Para ele, o índice obtido por Kassab em 2008 estava ligado ao aumento da exposição do prefeito pela campanha eleitoral.

Ao analisar o Orçamento de 2010, em dezembro, a Câmara Municipal elevou de R$ 105 milhões a R$ 126 milhões a verba destinada a propaganda da Prefeitura. Ao mesmo tempo, porém, ao reduzir em R$ 1 bilhão a receita, vereadores tiraram verbas da canalização de córregos, coleta de lixo e intervenções em áreas de risco.
Kassab já havia criado polêmica em setembro, ao tentar justificar a redução da merenda escolar - de 5 para 4 refeições diárias - em algumas creches da capital que tiveram redução de turno. “A decisão foi técnica, não financeira. Tecnicamente, crianças têm limite de alimentação máximo e mínimo”, disse o prefeito, antes de recuar da decisão da Secretaria de Educação, que afirmara desconhecer.

Aumento de caixa

O que engordou foi o caixa da Prefeitura, que ganhou R$ 544 milhões com o aumento em até 45% do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). O anunciado aumento na tarifa de ônibus, de R$ 2,30 para R$ 2,70 - após três anos sem reajuste - e a decisão de suspender o reembolso da taxa de inspeção veicular também teriam contribuído para aumentar o descontentamento com Kassab. “Ele assumiu com gordura para queimar em popularidade. Agora, tem que tentar reverter a situação, antes que seja tarde”, avalia o cientista político Rui Tavares Maluf.
Após ser chamado por uma moradora a entrar nas áreas alagadas do Jardim Romano e não ir na sexta, Kassab foi ao local ontem e visitou ruas cobertas pela água.

AÇÃO E REAÇÃO?

1
TARIFA DE ÔNIBUS
Após cumprir promessa de não reajustar o preço das passagens de ônibus por três anos, Kassab incluiu o aumento no “pacote” que fez cair sua popularidade. O aumento de R$ 2,30 para R$ 2,70, no entanto, não cobre totalmente as despesas do setor. No ano passado, o município gastou quase R$ 800 milhões com o sistema, valor que superou em mais de R$ 200 milhões o orçamento previsto no item - Kassab prometera na campanha que o subsídio não passaria de R$ 600 milhões. A Prefeitura alega que não houve estouro do teto, pois o valor inclui também recursos repassados para renovação da frota. Neste ano, a previsão é de que serão gastos R$ 360 milhões com subsídios às empresas de transporte.

2
AUMENTO DO IPTU
Em novembro, Kassab enviou projeto à Câmara Municipal que previa aumento de até 60% no IPTU de imóveis comerciais e de até 40% para residências. Diante dos protestos da população e críticas da oposição ao prefeito no Legislativo, a proposta acabou foi alterada, e aumentos máximos ficaram estabelecidos, em 2010, em 45% para imóveis comerciais e 30% para os residenciais. A estimativa de receita extra é de R$ 544 milhões.{HEADLINE}

3
INSPEÇÃO VEICULAR
No final do ano, a Secretaria do Verde anunciou a suspensão do reembolso da tarifa de inspeção veicular - R$ 52,73 - em 2010. Kassab justificou, em nota, a decisão, citando resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente que estendeu a vistoria a todo País e “o peso do subsídio” para “a implantação integral em São Paulo do programa”. O Ministério Público também pediu fim da devolução. Até novembro, a Prefeitura gastou R$ 33,5 milhões com reembolso. Para 2010, eram previstos R$ 150 milhões para devolução a motoristas.

4
GASTOS COM PUBLICIDADE
Mesmo com redução de verba em itens como intervenção em áreas de risco feita pela Câmara Municipal, a Prefeitura terá R$ 126 milhões para gastar em propaganda em 2010. O valor é superior ao da proposta enviada por Kassab à Casa: R$ 105 milhões. Até novembro de 2009, foram gastos R$ 78,9 milhões em publicidade. A alegação é que as publicações são de “interesse do Município”.

5
MERENDA
Em setembro, a Prefeitura fez novo contrato com fornecedoras de merenda e anunciou redução de 5 para 4 no total de refeições oferecidas a cerca de 60 mil crianças do período integral em 292 unidades da administração direta. Na época, Kassab disse que a redução se deu por questões técnicas e não financeiras. Segundo a Prefeitura, houve redução de turno nas creches de 12h para 10h e pesquisa nutricional indicava que as crianças tinham mais problemas de sobrepeso que de desnutrição. Após críticas, houve recuo.



6
CHUVAS
No início de agosto, antes do período das chuvas, Kassab anunciou corte de 20% dos gastos com a varrição de ruas. A justificativa foi a queda na arrecadação da Prefeitura. A medida gerou protestos de garis, que entraram em greve. O prefeito, que chegou a afirmar que as ruas da capital estavam “extremamente limpas”, recuou no fim de setembro da redução de verba. No dia 8 daquele mês, um temporal expôs a gravidade da situação: pontos de alagamento foram registrados em locais onde havia bocas-de-lobo entupidas.


7
ORÇAMENTO CONGELADO
O temor de uma redução drástica da receita municipal por causa da crise financeira mundial fez com que Kassab anunciasse o contingenciamento de 20% dos R$ 27,5 bilhões do Orçamento previsto para 2009 ao assumir o novo mandato. Com a retenção da verba, promessas de campanha como a construção de três hospitais na periferia (Parelheiros, Brasilândia e Vila Matilde), por exemplo, não tiveram início de obras ainda.

2 comentários:

  1. Bem feito ao povo paulista, que adora cair no "golpe do vice". Um renuncia e deixa o outro desconhecido no lugar, como fez Maluf, como fez Serra. E isso começou com a morte de Covas que deixou Alckmin em seu lugar.
    Dá vergonha de ser paulistano.

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  2. PARTICIPE DA CAMPANHA FORA KASSAB DEMOCRATAS/PSDB NUNCA MAIS, não votando em mais ninguém desses dois partidos seja para que cargo for, contra as medidas antipopulares desse Prefeito ditador, herança do Serra que ninguém pediu.

    Você evangèlico, vítima de enchente, proprietário de Banca de Jornal, feirante, caminhoneiro, motoboy participe! basta !! chega de S.Paulo pagar a conta, pelo fim da roubalheira da taxa de inspeção veicular, pelo fim da indústria de multas, vamos dar uma resposta A ESSES DOIS PARTIDOS Enesses candidatos, não elegento vereadores, deputados senadores, seja o que for vamos acabar com bandalheira ACORDA SÃO PAULO ACORDA BRASIL!!

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