Os consumidores aproveitaram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor automobilístico, da linha branca e a desoneração das alíquotas para móveis e placas de madeira para ir às compras. Pesquisa nacional realizada pela Federação do Comércio (Fecomércio-RJ) aponta que cerca de 14% dos brasileiros aproveitaram o incentivo para realizar compras no varejo. A medida foi adotada pelo Ministério da Fazenda para estimular o aquecimento das vendas, em meio a crise financeira internacional.
De acordo com o estudo, as vendas mais representativas foram de carros novos (nas classes A e B); material de construção, (na C); e geladeira, nas classes (D e E). A maior adesão foi na região Norte e Centro-Oeste do país, que representou 25% das 70 cidades, por onde a pesquisa foi realizada.
Segundo o economista Christian Travassos, da Fecomércio, os resultados do mês de dezembro foram os melhores.
– Nossa pesquisa se baseou na pergunta “Você aproveitou a isenção do IPI para fazer compras?”. Desta forma, analisamos que 20% dos entrevistados compraram materiais de construção, móveis e geladeira, enquanto 15% compraram um carro zero, o primeiro segmento contemplado com a isenção, em dezembro de 2008, como forma de compensar a queda nas vendas. Entende-se que muitos consumidores aproveitaram o 13° salário para tais aquisições – explica Travassos.
O consultor de varejo Luiz Freitas observa que a redução é benéfica para o consumidor e também para a economia do país. Ele ressalta que 75% do mercado nacional são baseados no consumo interno.
– A redução de um imposto, mesmo que de forma irrisória, é atrativa. É melhor pagar menos cerca de 6% agora no produto do que correr o risco deste, certamente, estar mais caro amanhã. É, a meu ver, um aporte financeiro. O fabricante tem seu produto desonerado, e o consumidor, o preço do produto reduzido. É uma forma de regular o mercado – diz.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor moveleiro – que conta com mais de 17 mil indústrias de móveis e painéis de madeira no país – foi beneficiado pela redução do IPI em novembro de 2009, depois de ter sofrido queda de 10% nos negócios, por conta da crise. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, Abimóvel, José Luiz Diaz Fernandez, a medida adotada pelo governo ajudou o setor.
– A previsão para o ano de 2010 era ruim. Vínhamos de uma queda nos negócios, e o cenário não era favorável. Notávamos que, com a redução do IPI na linha branca, por exemplo, o consumidor estava deixando de comprar móveis, para adquirir tais produtos. Isso nos prejudicou. No entanto, quando houve a redução também para nosso setor, percebemos um aumento de 14% nas vendas a varejo, de dezembro do ano passado a fevereiro, deste ano – disse o dirigente.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a crise chegou ao mercado automobilístico no último trimestre de 2008, se estendendo até novembro de 2009, quando as vendas de veículos caíram de 269 mil para 179 mil. Depois de ser prorrogado muitas vezes, o benefício do IPI zero para automóveis foi retirado em março.
A analista de marketing Nattalia Meato Vinhas aproveitou a redução do IPI para financiar em 60 meses um carro zero km e, por conta do preço baixo do veículo, pôde investir em um seguro. “Se não houvesse a questão do IPI, eu teria que comprar um carro usado. Levei em conta, na hora da compra, a taxa de juros mais favoráveis e que coubessem, em longo prazo, no meu bolso”, conta.
A Anfavea explica que, com a redução do IPI, a retomada do crédito e maiores prazos de financiamento de compra, houve um crescimento de 11,4% de vendas a varejo no setor, se comparado ao mesmo período de 2008, representando 3,141 milhões de vendas em 2009, contra 2,820 milhões, em 2008. O órgão estima que, na relação final consumidor e varejo, o mercado automobilístico tenha um crescimento de 8%, até o fim do ano, impulsionado pelo índice que gira em torno de 434 mil vendas, só neste início de ano.
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