Deputados aumentam patrimônio em R$ 26 mi

A soma do patrimônio declarado pelos deputados estaduais nesta campanha aumentou em R$ 26,3 milhões desde a eleição de 2006. Levantamento feito pelo JT com base nas declarações de bens apresentadas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) naquele ano e agora mostra que 30 dos 91 parlamentares candidatos mais do que dobraram o valor de suas propriedades ao longo do mandato.

Há cinco casos em que o valor total em bens entre uma eleição e outra subiu mais de 1.000%. O primeiro do ranking é o deputado Marco Porta (PSB), que tentará a reeleição. Ele declarou R$ 60,4 mil nesta campanha – um carro de R$ 32 mil e R$ 28,4 mil de uma aplicação em renda fixa – ante R$ 205,94, em 2006, de uma aplicação financeira.

Ao todo, os deputados declararam R$ 130,1 milhões em bens ao TRE. Em 2006, o valor era de R$ 103,8 milhões. Ou seja, o patrimônio total aumentou 25,3%. Para efeito comparativo, no mesmo período (janeiro de 2006 a dezembro de 2009), a inflação acumulada foi de 17,8% (IPCA), o salário mínimo subiu 32,85% e o Índice da Bolsa de Valores (Bovespa) saltou 54,2%. Já a média do rendimento das famílias brasileiras em um período maior – de 2003 a 2009 – teve aumento de 10,8%, segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ranking
O segundo na lista dos que mais elevaram o patrimônio porcentualmente ao longo do mandato é João Barbosa (DEM): 6.300%, de R$ 2,3 mil em uma conta corrente para R$ 153,2 mil, sendo R$ 110 mil em espécie. Otoniel Lima é o terceiro (PRB): 1.600%, de R$ 32,3 mil em 2006 para R$ 550 mil.

Em valores absolutos, quem mais enriqueceu no período foi o deputado Campos Machado (PTB), que declarou R$ 2,5 milhões a mais em bens este ano. Vanessa Damo (PMDB) vem em seguida, com R$ 1,9 milhão. Há quatro anos, ela tinha R$ 122 mil. Hoje possui R$ 2 milhões, aumento de 1.500%, a quarta entre os parlamentares. Lelis Trajano (PSC) é o quinto, com aumento de 1.000%. Eles explicaram as variações ao

A Assembleia Legislativa tem 94 parlamentares, mas três não vão concorrer este ano. Dez serão candidatos a deputado federal, 80 vão tentar a reeleição e um é primeiro suplente de senador. Entre eles, dois não declararam valores em bens em 2006, o que impede cálcular da variação do patrimônio.

É o caso de Feliciano Filho (PV) e Patrícia Lima (PR). O primeiro até listou seus bens na eleição passada, mas não informou valores. “Naquela época, quando entreguei a declaração, não me cobraram os valores como foi desta vez. A única diferença é que vendi dois apartamentos nesse período e comprei uma chácara”, afirmou o deputado, que declarou hoje R$ 1,3 milhão.

Já Patrícia declarou em 2006, quando tinha 29 anos, não possuir bens. Agora, informou R$ 337,3 mil de patrimônio, sendo um casa de R$ 150 mil e R$ 150,4 mil em aplicação em renda fixa. A deputada não foi localizada pela reportagem.

Aos 82 anos, disputando o 8º mandato de deputado estadual, o médico Antonio Salim Curiati tem o maior patrimônio entre os colegas de Assembleia candidatos. Na vida pública desde 1967, quando assumiu o cargo pela primeira vez, informou ter R$ 19,1 milhões, 0,84% mais que em 2006. “Não sei dos outros, mas declaro tudo o que tenho, que é resultado da heranças dos pais e sogros e da minha longa carreira na medicina”.

Outro lado
Segundo deputado que mais elevou bens declarados em quatro anos, João Barbosa (DEM) afirmou que a alta superior a 6.300% se deve ao aumento de rendimento que teve ao assumir o mandato. “Eu tinha salário inferior a R$ 2 mil, de ajuda de custo da igreja, e passei a receber o salário de deputado (R$ 14,6 mil com auxílio-moradia). O padrão de vida cresce”, diz ele, pastor da Igreja Universal.

A mesma alegação fez Otoniel Lima (PRB). “Era vereador em Limeira, tinha renda de R$ 3,2 mil. Hoje, são R$ 14,6 mil. A renda aumenta, o patrimônio aumenta”. Ele disse ainda que R$ 228,7 mil dos R$ 550 mil declarados são de dívidas de financiamentos de uma casa e uma caminhonete.

A assessoria de Vanessa Damo (PMDB) informou que o aumento de R$ 1,9 milhão em bens é resultado do casamento em 2007. “Metade do patrimônio do marido está no nome dela. Outro motivo é que o pai dela doou empresa aos filhos”. Vanessa tem 33,3% da firma, equivalentes a R$ 1,2 milhão.

Já o gabinete de Lelis Trajano (PSC), alegou que o aumento de R$ 794 mil (1.047%) do patrimônio está associado à atividade dele como empresário. “Ele não é só deputado. Várias empresas dele cresceram nesse período”. A grande diferença na declaração do deputado entre 2006 e 2010 é uma casa em construção em Alphaville, no valor de R$ 842,1 mil.

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