Venda de açúcar cria 'fila' de navios e congestiona portos

Único país no mundo a ofertar açúcar no momento, o Brasil vem recebendo nas últimas semanas um "mar de navios" para embarcar o produto

Único país no mundo a ofertar açúcar no momento, o Brasil vem recebendo nas últimas semanas um "mar de navios" para embarcar o produto. São importadores da Rússia e de países asiáticos que aproveitam os preços 40% mais baixos que no início do ano para repor seus estoques, hoje em níveis críticos. No porto de Santos, o principal canal de saída da commodity, a fila chegava ontem a 46 embarcações e outras 12 estavam a caminho, segundo a consultoria Kingsman do Brasil. No porto de Paranaguá (PR), havia outros 28 navios.

Pela programação dos portos, os embarques de açúcar devem atingir 2,84 milhões de toneladas em julho, 75% mais que no mesmo período de 2009, quando atingiram o recorde de 1,6 milhão de toneladas.

A explosiva demanda desafiará novamente a restrição logística dos portos brasileiros. Até hoje, o máximo que se embarcou em um único mês em todos os terminais açucareiros do país foram 2,5 milhões de toneladas, segundo dados da JOB Consultoria e Planejamento. "Neste ano, o setor se esforça para chegar a 3 milhões de toneladas embarcadas por mês", diz Julio Maria Borges, diretor da JOB.

Com a fila de navios em Santos, o tempo de espera no porto, normalmente de 12 a 15 dias, está chegando a 30 dias, segundo Luiz Carlos dos Santos Júnior, diretor da Kingsman. O custo da "demurrage" (multa para a sobreestadia de navios) deve recair sobre os bolsos das tradings de açúcar, que contratam os navios.

Os preços atuais do açúcar estão convidativos para os importadores. Nos primeiros dias de fevereiro, a libra-peso na bolsa de Nova York esteve acima de 28 centavos de dólar, recorde em quase três décadas. No entanto, as cotações elevadas levaram compradores a se retrair e a consumir estoques, e os preços chegaram a cair pela metade, atingindo em maio 14 centavos de dólar.

"Os estoques mundiais estão, no entanto, reduzidos a níveis críticos e por isso os mercados agora aproveitam os preços mais baixos para recompô-los", diz Plínio Nastari, presidente da Datagro.

Em 2009, o Brasil exportou 24,2 milhões de toneladas de açúcar ou US$ 8,3 bilhões. Em 2010, há potencial para exportar 3 milhões de toneladas a mais.

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