Parlamentares caem na agenda negativa

Um dia depois de ter concluído a votação do pacote de nove Medidas Provisórias do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a Câmara dos Deputados entrou em cheio na chamada agenda negativa: aumento de salários, "mensaleiros" e conflitos com a imprensa. O polêmico projeto de reajuste de salários dos deputados foi apresentado aos líderes dos partidos na manhã desta quinta-feira pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A proposta é reajustar os vencimentos atuais, de 12,8 mil reais, para R$ 16,2 mil reais. "O momento não é o mais adequado para votarmos esse projeto", alertou o líder do Governo, deputado José Múcio (PTB-PE), que tentará adiar a votação do reajuste em plenário.

O reajuste dos deputados vem sendo adiado desde dezembro do ano passado, quando o ex-presidente Aldo Rebelo patrocinou uma proposta de equiparação com os ministros do Supremo Tribunal Federal (21 mil reais), frustrada pela repercussão negativa. "Verba de motel"Depois de formalizar a nova proposta, Arlindo Chinaglia anunciou que a Câmara vai criar "uma espécie de Advocacia Geral" para defender judicialmente os deputados de críticas consideradas ofensivas, feitas por meio da imprensa. Chinaglia já decidiu processar o comentarista Arnaldo Jabor, da TV Globo e da CBN. Terça-feira, na CBN, Jabor disse que deputados podem usar verba de representação "para ir ao motel com seu amante ou sua amante" e perguntou: "quando é que vão prender esses canalhas?"

"Esse ataque injusto é inadmissível. Não queremos compaixão com o erro, mas respeito à democracia", disse Chinaglia sobre o comentário radiofônico. "Não queremos passar a idéia de que somos igualmente puros, mas temos legitimidade para representar o povo, e isso precisa ser respeitado", acrescentou o presidente da Câmara, dizendo que pretende combater "os excessos" da imprensa. Um dos pilares da campanha de Chinaglia à presidência da Casa foi a promessa de restabelecer a abalada imagem da Câmara.

"Mensaleiros"

Também na manhã de ontem o Conselho de Ética da Câmara arquivou representação do PSOL, que pedia a abertura de processo de cassação contra três deputados que estiveram envolvidos no chamado escândalo do mensalão. Paulo Rocha (PT-PA), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e João Magalhães (PMDB-BA) foram reeleitos sem passar pelo Conselho nos processos de 2005 e 2006. Rocha e Valdemar renunciaram antes de serem julgados. Em protesto contra a decisão, aprovada por nove votos contra quatro, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) chegou a renunciar a sua vaga no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

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