Defesa de Renan não esclarece tudo

O presidente do Senado precisou de 24 minutos para dar explicações aos colegas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), precisou de vinte e quatro minutos para apresentar ao plenário do Senado sua versão sobre a denúncia publicada na última edição da revista Veja. Uma versão que não foi capaz de esclarecer todos os pontos da acusação contra o senador.
Renan admitiu que ao tomar conhecimento da gravidez da jornalista Mônica Veloso, em 2004, passou a auxiliá-la financeiramente. Informou que até o reconhecimento da paternidade, em dezembro de 2005, essa assistência era de aproximadamente R$ 8 mil, além do aluguel de uma casa e, posteriormente, de um apartamento. Disse também que criou um fundo de educação para a filha no valor de R$ 100 mil.

Segundo a reportagem da revista Veja, era o lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Junior, que é amigo de Renan há vinte anos, quem bancava as despesas do senador com a filha. O presidente do Senado negou, mas não apresentou documentos para comprovar as despesas com a pensão e com o aluguel da casa para a jornalista. Disse que Gontijo intermediava sua relação com a jornalista, pois era amigo de ambos.
A revista também diz que os recursos repassados a Monica por Gontijo, até dezembro de 2005, chegavam a R$ 16.500. Segundo a denúncia, todos os meses Gontijo entregava o dinheiro à jornalista, dentro de um envelope com as iniciais MV.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o advogado da jornalista, Pedro Calmon Filho, negou que Mônica fosse amiga de Gontijo. "A minha cliente nunca tinha visto o Claudio Gontijo, não tinha relação nenhuma de amizade com o Claúdio Gontijo. Foi apresentado pelo senador Renan Calheiros", declarou o advogado de Monica.
Calmon Filho também negou a existência de um fundo para educação da filha do senador. Segundo ele, o pagamento de R$ 100 mil, realizado em duas parcelas, foi feito para complementar os valores de pensão alimentícia, reduzidos para R$ 3 mil após o reconhecimento da paternidade. Informou que Gontijo entregava os envelopes de dinheiro mensalmente à jornalista no escritório da Mendes Junior, "rigorosamente da forma como foi relatada pela revista Veja".

A falta de explicações do senador para os 18 meses que antecederam o reconhecimento de paternidade ficam ainda mais estranhos diante da minúcia do senador sobre a pensão de R$ 3 mil que começou a pagar a partir de dezembro de 2005.
Para comprovar estes gastos, Renan apresentou cópias de cheques, recibo de depósito na conta bancária da jornalista e demonstrativos do Senado que apresentam as deduções referentes à pensão alimentícia descontadas do seu salário.
A assessoria do senador disse que todos os gastos feitos até o reconhecimento da paternidade foram declarados no imposto de renda como despesas pessoais, já que não se tratava de uma pensão oficial.

Renan também silenciou sobre outra acusação: a de que o lobista Claudio Gontijo mantinha um flat à disposição do senador, para encontros que necessitavam de discrição. O relacionamento do senador com o empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama, também foi ignorado no discurso de ontem, embora o empresário seja o político mais citado nas gravações da Operação Navalha.

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