Desconfiança no presidente

A eleição do senador Sibá Machado (PT-AC) para a presidência do Conselho de Ética do Senado causou polêmica ontem no Senado. Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Peres(PDT-AM) criticaram a escolha do petista por ser ele suplente da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e deixar fragilizado o colegiado, que poderia ficar sem presidente caso o Palácio do Planalto resolva fazer uma reforma ministerial e trocar a ministra. O decano Pedro Simon (PMDB-RS) disse, em discurso, que Sibá não teria independência suficiente para conduzir a apreciação das denúncias contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Segundo Simon, Sibá ficará no cargo dependendo da vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Suplente sai quando o governador e o presidente mandam seus secretários e ministros de volta ao Congresso. Se amanhã o senador Sibá tomar uma decisão que desagrade ao presidente Lula, a Marina volta e o Conselho fica sem presidente. Todos nós sabemos que o Lula é do fã-clube do presidente do Senado e tem interesse em que nada aconteça com ele. O Sibá vai depender do que pensa o presidente Lula”, discursou o senador.

O senador Peres lamentou a eleição de Sibá, mesmo considerando o petista um parlamentar honesto e correto. Qualificou-o como inexperiente e sem o distanciamento suficiente do Palácio do Planalto para investigar Renan Calheiros. “Proponho a formação de uma comissão com três senadores experientes para analisar as denúncias”, sugeriu Peres que teme o que chamou de corporativismo do Senado.

A defesa mais veemente de Sibá na presidência do Conselho de Ética, porém, não partiu dos governistas. Foi feita pelo líder do DEM, senador José Agripino (RN), segundo o qual o “Brasil inteiro vai olhar para o trabalho do presidente do Conselho de Ética”. Agripino registrou a tensão existente no Senado, defendeu o direito à presunção da inocência de Calheiros e deu um crédito de confiança ao senador petista: “O presidente do Conselho de Ética vai ter que pautar seu trabalho pela dignidade”, afirmou.

Sibá Machado se considera tranqüilo no cargo. Seu nome foi escolhido por consenso entre os principais partidos da Casa. Se quisessem, PSDB e DEM poderiam formar um bloco e indicar um nome da oposição para o cargo. Sibá aceitou o posto como missão. “Tenho por princípio jamais solicitar representação, ainda mais desse tipo”, argumenta.

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