O Maranhão parecia ao padre Antônio Vieira o reino da mentira. Em desgraça na Corte portuguesa, foi mandado em novembro de 1652 para a missão jesuítica naquele sertão, onde "até o céu mentia" e os brancos estavam preocupados apenas com o próprio enriquecimento. Fosse vivo, mais de 350 anos depois, possivelmente o religioso não teria idéia diferente. O escândalo exposto na Operação Navalha, da Polícia Federal, foi metodicamente democrático naquelas terras. Chegou igualmente à situação e à oposição.
Se o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, nascido na cidade maranhense de Barra do Corda e afilhado político de José Sarney, está no fio da navalha da PF, o ex-governador do Estado José Reinaldo Tavares, inimigo dos Sarney, chegou a ser preso. O atual governador, Jackson Lago, que derrotou Roseana Sarney nas eleições, escapou da cadeia por pouco e está em situação nada confortável.
Os políticos maranhenses culpam-se uns aos outros. Jackson Lago acusa Sarney. José Reinaldo também. O ex-presidente da República, por sua vez, diz que teve José Reinaldo como "um filho" e, agora, o tem "como um inimigo".
"A verdade que vos digo é que no Maranhão não há verdade", proferiu o padre Antônio Vieira no sermão da Quinta Dominga da Quaresma, em São Luís, em 1654.
É tudo mentira - pronunciou Silas Rondeau, como se imitasse o religioso quase quatro séculos depois.
Ser missionário no Maranhão era o exílio para o padre Vieira. Ao constatar a roubalheira generalizada na colônia, ocorreu ao jesuíta fazer uma analogia com o roubo da época de Cristo. Em Lisboa, em 1655, o orador profere o famoso Sermão do Bom Ladrão.
"O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento. Os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos".
Qualquer semelhança com os dias de hoje é pura profecia
Se o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, nascido na cidade maranhense de Barra do Corda e afilhado político de José Sarney, está no fio da navalha da PF, o ex-governador do Estado José Reinaldo Tavares, inimigo dos Sarney, chegou a ser preso. O atual governador, Jackson Lago, que derrotou Roseana Sarney nas eleições, escapou da cadeia por pouco e está em situação nada confortável.
Os políticos maranhenses culpam-se uns aos outros. Jackson Lago acusa Sarney. José Reinaldo também. O ex-presidente da República, por sua vez, diz que teve José Reinaldo como "um filho" e, agora, o tem "como um inimigo".
"A verdade que vos digo é que no Maranhão não há verdade", proferiu o padre Antônio Vieira no sermão da Quinta Dominga da Quaresma, em São Luís, em 1654.
É tudo mentira - pronunciou Silas Rondeau, como se imitasse o religioso quase quatro séculos depois.
Ser missionário no Maranhão era o exílio para o padre Vieira. Ao constatar a roubalheira generalizada na colônia, ocorreu ao jesuíta fazer uma analogia com o roubo da época de Cristo. Em Lisboa, em 1655, o orador profere o famoso Sermão do Bom Ladrão.
"O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento. Os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos".
Qualquer semelhança com os dias de hoje é pura profecia
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