Tuma já descarta investigação

Em poucas horas de leitura dos documentos de Renan, corregedor do Senado conclui que “são muito fortes

Se depender do corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma(DEM-SP), e do novo presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), não será investigado pelas denúncias de que pagou com dinheiro de Cláudio Gontijo, funcionário da empreiteira Mendes Júnior, uma ajuda de custo para a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos. “Fiz uma primeira análise dos documentos contábeis entregues pelo senador Renan e eles têm consistência, são muito fortes”, informou Tuma.

O corregedor precisou de apenas algumas horas para concluir pela inocência de Renan. Ele disse que fez análise dos extratos bancários e declarações do Imposto de Renda fornecidos anteontem pelo presidente do Senado para tentar justificar o pagamento de R$ 8 mil mensais a Mônica. Tuma fará um relatório considerando consistentes as informações, do ponto de vista contábil. Ontem o advogado do presidente do Legislativo, Eduardo Ferrão, entregou um novo lote de documentos ao corregedor contendo recibos assinados por Mônica, que comprovariam os depósitos na sua conta e pagamentos em dinheiro feitos por Renan.

“Todos, rigorosamente e absolutamente todos os pagamentos e as transferências de recursos feitos pelo senador à Mônica estão comprovados na contabilidade do senador Renan”, garantiu Ferrão. O advogado também informou estar comprovada contabilmente a criação de um fundo de R$ 100 mil que teria sido destinado pelo presidente do Congresso para a educação da filha que tem com Mônica Veloso. O advogado fez uma análise patrimonial de Renan de 2003 a 2006 e garantiu que o senador tem como comprovar a licitude da origem dos seus rendimentos.

Sem pressa
Já o senador Sibá Machado não está com pressa de apurar o caso. Depois de ter sido eleito presidente do Conselho de Ética, o parlamentar avisou que só vai analisar o caso do senador Renan na próxima quarta-feira quando o colegiado realizará sua segunda reunião. Somente depois desse prazo será escolhido um relator para analisar as denúncias contra o presidente do Congresso.“Vou adotar a velocidade normal , sem jogar no banho-maria ou querer atropelar o processo”, avisou. O senador foi eleito presidente do Conselho de Ética com 16 votos.

O PMDB tentou emplacar na primeira vice-presidência o senador Welington Salgado (MG), amigo e um dos membros da tropa de choque de Renan no Congresso. Mas houve protestos e foi escolhido o senador Adelmir Santana (DEM-DF), que obteve 15 votos. Governista do DEM, o senador é presidente do conselho deliberativo do Sebrae, para onde foi eleito com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e trabalha junto com Paulo Okamoto, que preside o órgão e foi tesoureiro de antigas campanhas eleitorais de Lula.

A indicação de Sibá para concorrer ao cargo foi articulada pela líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC). Ela negociou com o PMDB, o mesmo partido de Renan, que abriu mão de eleger o presidente do conselho, apesar de a tradição determinar que a maior legenda elege os presidentes de comissões e conselhos no Congresso. Se depender da líder petista, Renan estará inocentado das acusações e não precisará se licenciar do cargo nem responder processo. “Precisamos de cautela . O presidente Renan é inocente até que se prove o contrário. Analisaremos o caso com a presunção de inocência”, declarou Ideli. O petista Aloizio Mercadante(SP), o presidente do PSDB, Tasso Jereissati(CE), e o líder do DEM, José Agripino(RN), também avisaram que não querem a abertura de investigação de Renan.

perfil// sibá machado
Governista de peito aberto

O senador Sebastião Machado Oliveira, 49 anos, conhecido como Sibá Machado (PT-AC), chegou ao posto em 2003 com a ida para o ministério do Meio Ambiente da senadora titular do cargo, Marina Silva (PT-AC). Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Acre, o piauiense Sibá aos 20 anos migrou para São Paulo em 1978, onde trabalhou como cobrador de ônibus. Depois migrou para o Pará onde se tornou agricultor e sindicalista do seu setor. Chegou a ser aluno da freira americana Dorothy Stang, morta por grileiros de terra em fevereiro de 2005.

Casado e pai de dois filhos, foi no Pará que começou sua carreira como militante de grupos de jovens da igreja Católica na Prelazia do Xingu. Em 1986 mudou-se com a família para o Acre, onde passou a atuar na Comissão Pastoral da Terra(CPT) e na CUT. Em 1994, candidatou-se a deputado federal mas perdeu por 14 votos. Também disputou (e perdeu) a prefeitura da cidade de Plácido de Castro. Chegou a ser suplente de deputado federal, mas nunca assumiu o cargo.

Na gestão do então governador Jorge Viana (PT), Sibá assumiu a Secretaria Executiva de Extensão Rural e Garantia da Produção. Tímido e considerado inexperiente pelos colegas, no começo despertou desconfiança por demonstrar insegurança nas intervenções. Mas terminou ganhando a simpatia com seu esforço e assiduidade ao trabalho. Costuma lembrar que foi na CPI dos Correios que descobriu sua vocação neste mandato: era o único que defendia o governo de peito aberto.

Durante a crise do mensalão, junto com a colega e correligionária Ideli Salvati (SC) se especializou na defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e discursava várias vezes por semana defendendo o PT e o governo. Agora, sua missão no Conselho de Ética será evitar colocar mais lenha na crise que envolve o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).


Um comentário:

  1. OLA GATONA,

    O FOCO CRUCIAL DEVERIA SER: DE ONDE VEIO O DINHEIRO?

    ESTE É O PONTO QUE DEVE SER APROFUNDADO, SE É QUE AINDA PRECISA.

    DEVERIAMOS APROVEITAR A CRISTA DA ONDA DA CRISE DO PMDB, E PASSAR A BOIADA DAS VOTAÇÕES NA CAMARA E NO SENADO.

    DEPOIS, DEIXAR ELES NA ARENA PARA OS SEUS PARES JULGAREM, IGUALZINHO FARIAM.

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