Cadê Vavá?



Questão de equilíbrio: se Vavá enrolado valia manchete, Vavá se desenrolando merecia ao menos um título na página mais nobre do jornal Folha de São Paulo

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O aposentado Genival Inácio da Silva, irmão do presidente da República, ganhou a manchete da Folha em quatro edições de junho.
A primeira contou que a Polícia Federal qualificou Vavá como suspeito de tráfico de influência e exploração de prestígio. A terceira transcreveu gravações em que o indiciado usa o nome de Lula para obter dinheiro. Na segunda e na quarta, o chefe do Executivo manifestou convicção da inocência do irmão.
Na terça, o Ministério Público Federal acusou 39 pessoas por vários crimes, mas não incluiu Vavá na denúncia. Considerou que não havia provas contra ele na operação batizada como Xeque-Mate.
Era obrigatória a menção, em título da Primeira Página, à decisão favorável ao cidadão antes em apuros. Na edição São Paulo da quarta, o título ignorou a vitória de Vavá: "Compadre do presidente e mais 38 são denunciados".
"Dois pesos, um erro grave". Não bastava o texto da chamada da capa informar que a acusação não atingia Vavá, era preciso destacar. Questão de equilíbrio: se Vavá enrolado valia manchete, Vavá se desenrolando merecia ao menos um título na página mais nobre.

Na edição Nacional, concluída às 21h06, a Folha havia titulado na Primeira Página "Ministério Público denuncia compadre de Lula e poupa Vavá". Não era bem isso.
Como explica o "Aurélio", "poupar" também tem o sentido de "ser tolerante" e "indulgenciar". O verbo editorializa, emite opinião subliminar em espaço impróprio.
Pedi um comentário à Redação, que respondeu: "Na edição São Paulo (0h19), ocorreu uma rediagramação da Primeira Página em razão da nova crise aérea. A denúncia do Ministério Público, no entanto, continuou na submanchete, mas o título passou de três para duas linhas [...]".
Mais: "Nas duas edições, as chamadas relativas ao caso afirmaram com todas as letras que o irmão de Lula não havia sido denunciado e que o Ministério Público Federal pedira mais apurações sobre o suposto lobby praticado por Genival Inácio da Silva (Vavá)".
Em suma: notícia ruim para Vavá ocupou manchete; boa, limitou-se às letras pequenas do texto da chamada.

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