Depois de receber soro parenteral na veia para recuperar a resistência física, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61 anos, deixou a Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) do Hospital Memorial Petrolina (PE), onde foi internado na quarta-feira. Ontem à noite, ele anunciou que desistiu da greve de fome, depois de 23 dias de jejum. Ele seguiu a orientação médica, apesar de ser pressionado por militantes antitransposição do Rio São Francisco, que acreditavam na possibilidade dele retomar o protesto contra o governo federal.
A situação de Cappio era delicada e, tecnicamente, ele já vinha recebendo uma alimentação intravenosa com o soro. A medida era para complementar e poderia substituir completamente a alimentação oral. Alguns manifestantes tentaram impedir que os médicos aplicassem o soro no bispo, lembrando que ele ainda estava em greve de fome por conta das obras do Velho Chico. No entanto, os especialistas alegaram que uma resolução do Conselho Federal de Medicina determina que os profissionais de saúde não respeitem greve de fome quando o paciente está correndo risco de morte.
Na quarta-feira, o bispo de Barra sofreu um desmaio após saber que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubara a liminar que mantinha paralisadas as obras de transposição. Pelos médicos que atenderam Cappio, ele continuaria internado. No entanto, assim que recuperou os sentidos, o religioso argumentou com a equipe do hospital que precisava dar uma satisfação aos amigos que o aguardavam do lado de fora do hospital. Ele disse ainda que havia feito a promessa de participar de duas missas na capela de Sobradinho.
Recuperação
Segundo o único boletim médico divulgado pelo hospital, o bispo está evoluindo bem desde que foi internado. “Seu estado é estável do ponto de vista hemodinâmico e respiratório. Ele está hidratado e com boa diurese, consciente, orientado, lúcido e se comunica sem problemas. Seu estado geral é regular, mas ainda frágil”, disse o clínico geral Klaus Finkam, que atendeu Cappio. O médico disse que o bispo não corre risco de nenhuma seqüela pela greve de fome iniciada em 27 de novembro.
Na recepção do hospital, os irmãos do religioso, João Francisco e Rosa Maria, estavam aos prantos com receio de o bispo morrer. Eles disseram que o desejo já expresso por Cappio era de rezar uma missa e se despedir do povo de Sobradinho (BA), a 50km de Petrolina. No início da tarde, a expectativa era a de que Cappio anunciasse na missa que atenderia os apelos de amigos e familiares e deixaria o protesto de lado, o que acabou ocorrendo.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) negou que tenha pedido para o frade abandonar o jejum. A entidade e a Articulação São Francisco Vivo informaram que, apesar da internação, caberia a ele decidir se suspenderia o jejum. Desde que iniciou o protesto, ele já havia perdido 9kg. Antes de desmaiar, em vez de soro, Cappio vinha ingerindo apenas água. Foi a segunda vez que ele fez greve de fome contra a transposição. Em outubro de 2005, permaneceu 11 dias sem se alimentar em protesto contra o projeto.
Do outro lado
Há informações seguras de que os 23 dias de jujum do bispo, não foram vinte e três sem comida. Comenta-se na imprensa nordestina que o bispo forava o estomâgo a noite para aguentar o jejum do dia. Isso explica os vinte e um dias em que o bispo esteve forte, bonito, corado, com muita sáude e energia para dar entrevista em redes de TVs, jornais, e ainda se juntar a artistas globais. Enfim, acabou a atração para romeiros em busca de diversão
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