Nas últimas 48 horas, o governo jogou todas as cartas que tinha na sedução de oposicionistas para conseguir a prorrogação da cobrança da CPMF. "A chave de seu êxito, contudo, depende do comportamento da oposição, basicamente o PSDB, de fechar ou não questão. Se isso acontecer, quem votar a favor do governo entre os tucanos pode perder o mandato na Justiça", acredita o cientista político e analista da Arko Advice, Cristiano Noronha.
Ainda sob o ponto de vista do analista da Arko, o governo está informado que os tucanos não tomarão essa medida, facilitando as coisas para Lula. Outro ponto contra o Planalto é o fato de alguns parlamentares ainda baterem pé. "Alguns deles manterão a coerência com o passado, votando a favor do imposto (na Câmara foi assim)", diz Noronha. No meio da semana o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, disse que o seu partido não precisa desse recurso drástico - fechar questão - para fazer a bancada seguir a orientação da liderança.
Hoje o governo não tem os votos suficientes para aprovar a prorrogação da CPMF e da DRU. Dependerá de intensas negociações de última hora para conseguir os votos mínimos necessários (49). Eis a razão pela qual José Múcio Monteiro, ministro das Relações Institucionais e Coordenação Política, advertiu: "Não podemos errar um passo, um gesto, uma frase".
Sob esse ponto de vista, foi muito ruim a declaração do presidente Lula sobre a falta de piedade da direita (referindo-se ao DEM) e a ameaça de mostrar a foto do senador que deixar milhões de pessoas sem o benefício do Bolsa Família, caso negue votos para a aprovação da CPMF.
A partir de levantamento da Arko Advice, com base em informações coletadas junto à imprensa e senadores, faltariam cinco votos para o governo. Todos podem vir da base: três no PMDB (Geraldo Mesquita, Valter Pereira e Mão Santa) e dois no PR (César Borges e Expedito Júnior). "Para conseguir uma margem segura, o governo aposta na ajuda dos governadores do PSDB, em especial Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), e do DEM, José Roberto Arruda (DF)", acrescenta o analista da Arko. Há nove senadores das duas legendas apontados como votos potenciais a favor da proposta.
No DEM: Adelmir Santana (DF), Efraim Morais (PB), Jayme Campos (MT) e Jonas Pinheiro (MT). No PSDB: Cícero Lucena (PB), João Tenório (AL), Tasso Jereissati, Eduardo Azeredo (MG) e Lúcia Vânia (GO). Levando em consideração todas as variáveis, a consultoria considerou que diminuiram as chances de uma vitória do governo. "Considerando que o governo não tem os votos suficientes e reduzimos a chance de aprovação de 60% para 50%", conclui Noronha.
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