PT resiste à aliança


Defendida a cada dia por mais tucanos e petistas mineiros, a aliança PT e PSDB para a sucessão da prefeitura de Belo Horizonte já encontra uma resistência de peso: a direção nacional do PT. A cúpula do partido resiste à idéia e apresenta argumentos como a participação do PSDB na derrubada da CPMF — o chamado imposto do cheque, que renderia aos cofres da União R$ 40 bilhões este ano — e o fato de ser o maior partido de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já a Executiva Nacional tucana deu carta branca ao governador Aécio Neves (PSDB) para articular a candidatura única.

Em uma operação para tentar aparar as arestas — ou pelo menos iniciar o processo — um dos principais defensores da aliança com os tucanos, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), tratou do assunto ontem com o presidente Lula e com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Com a justificativa oficial de participar da solenidade de balanço de um ano do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o prefeito desmarcou reunião que ocorreria pela manhã com todos os 17 secretários e foi a Brasília.

“Para evitar que a discussão (de aliança com o PSDB) seja algo isolado, o Pimentel quer costurar com o grupo nacional o que está acontecendo em Belo Horizonte. Ele foi informado de uma brecha na agenda, e não podia perder essa oportunidade”, disse ontem uma fonte ligada ao prefeito. Mas convencer os integrantes da direção nacional não parece ser uma tarefa fácil. Por enquanto, a hipótese estaria descartada.

Em 9 e 10 de fevereiro será montado o Diretório Nacional e o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE), que terá pela frente a função de preparar o partido para as eleições de outubro. “Há um sentimento da ampla maioria do PT que vamos preparar o partido para ganhar as eleições, e teremos dois adversários, que são o DEM e o PSDB. É claro que todo diretório tem sua autonomia para buscar seus acordos, mas não dá para desconsiderar Belo Horizonte”, argumentou o secretário nacional de Organização do PT, Romênio Pereira.

Negociação
A visão da direção nacional do PSDB é diferente. Embora tenha dito que não tem informações sobre as conversas que já estão acontecendo em Belo Horizonte, o presidente nacional da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), diz que confia na articulação do governador Aécio Neves para a sucessão na capital mineira. “Temos confiança total e absoluta nos encaminhamentos feitos pelo governador Aécio. Não é nada que nos assusta ou preocupa (a aliança com o PT)”, disse ontem o senador tucano.

Nos bastidores, a hipótese mais forte é que os dois partidos apóiem um nome comum do PSB. A legenda ocupa cargos no primeiro escalão da prefeitura de Belo Horizonte — os secretários da Administração Regional Oeste, Fábio Caldeira, e de Assuntos Institucionais, Mário Assad — e no governo estadual, onde Márcio Lacerda comanda a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Este último é um dos apontados como provável nome capaz de receber o apoio do PT e do PSDB.

Lacerda filiou-se ano passado ao PSB e é afilhado político do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), tendo exercido o cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional durante a gestão do cearense. Com a defesa do nome, o governador Aécio Neves poderia atrair o ex-ministro para seu grupo político, e até mesmo para uma possível composição na disputa à Presidência da República em 2010.

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