de US$ 84.795 por US$ 21.195
Essa é a classe média que reclama do Lula, pessoal que diz ser chique e compra em liquidação nos Estados Unidos, produtos que os Americanos não querem por ser de segunda linha - pra eles -
Fila? Ônibus lotado? Almoço na lanchonete? Para garantir aquele Gucci com desconto, turistas brasileiros lotam o maior outlet de grifes dos Estados Unidos. Por Daniel Bergamasco, de Nova York
O dia de compras mal começou e a advogada paulista Laura Figueiredo, 40, já conseguiu economizar R$ 2 mil. "Comprei dois relógios Tag Heuer para eles [os filhos Bruno e André]. Aqui é muito mais barato. Cada um custou US$ 500. No Brasil, cada um custa R$ 2 mil!!"
Laura está no Woodbury Premium Outlets, a 40 minutos de Nova York, auto-intitulada a maior ponta de estoque de grife nos Estados Unidos. Com 220 lojas, descontos que passam dos 70% e em tempos de dólar mundialmente desvalorizado (em relação ao real, a queda foi de 17,15% em 2007, a segunda maior da história brasileira), o local tem o português do Brasil como um dos quatro idiomas oficiais nos recados transmitidos nos alto-falantes.
O subgerente da Diesel comemora. "Os brasileiros já são a metade dos nossos clientes. Eles compram, compram, compram! Alguns levam umas dez calças de uma vez. Acho que, no Brasil, Diesel é considerada chique. Aqui é mais popular do que lá", diz o rapaz, nascido na Venezuela, nome não revelado.
Ainda são 13h e Laura, Bruno e André planejam o périplo do dia: "Ainda não comprei nada para mim, mas quero ir à Chanel, Fendi, Gucci", diz ela, cliente em São Paulo do shopping Higienópolis, "onde as coisas são mais caras do que aqui", enquanto manuseia um tênis Diesel de US$ 49,99.
Os precinhos camaradas têm seu preço para quem está acostumado à paparicação e ao champanhe gelado de algumas lojas chiques do Brasil. O local, uma espécie de vila com cada loja abrigada em uma casa de madeira, tem um certo clima da 25 de Março, a rua do comércio popular de São Paulo. Aqui, as ruelas são lotadas, clientes esbarram suas sacolas nas sacolas alheias, um pavilhão de lanchonetes composto praticamente só por redes de fast food (há um único restaurante, geralmente com fila de espera), com mesas meio sujinhas e o lixo transbordando nas latas.
A loja da Nike atrai tantos brasileiros que, neste ano, a gerência passou a contratar vendedoras brasileiras (que contam já terem flagrado o ator Thiago Lacerda aproveitando as promoções). As caixas ficam empilhadas em corredores estreitos, mas os preços valem a pena: US$ 49, US$ 69 e US$ 79 são valores comuns para modelos Nike Shox ou Nike Air. Arregaçando as mangas e encarando a xepa no fundão da loja, é possível achar um par de tênis Nike por US$ 4,99 e vários outros por US$ 24,99.
Os maiores descontos são para tamanhos grandes, pequenos, cores e modelos que encalharam nas prateleiras. Na Gap, uma camiseta marfim chega a custar US$ 0,58, já que a cor não agradou nas lojas. Na Calvin Klein, cuecas podem sair por US$ 3 (na loja da Oscar Freire -que, claro, não é outlet-, os preços partem de R$ 49). Outra oferta: R$ 30 em um canivete suíço.
Em algumas das lojas, é preciso mais sofisticação para reconhecer a pechincha. Na Versace, um casaco de pele de US$ 84.795 sai por US$ 21.195. Na Chanel, bolsas das mais baratinhas valem agora US$ 500.
"Tem coisas absurdas de baratas aqui. Comprei uma camiseta Armani Exchange por US$ 20! De graça!!", diz a estudante Fernanda Alcantara, 22, que já gastou US$ 300 e está na fila para entrar na Gucci. Sim, há fila para entrar na loja da grife, "para não encher e tumultuar a loja", segundo explica uma vendedora posicionada na porta de saída para não deixar nenhum desavisado entrar por lá. Para que um cliente entre, outro tem que sair. Como nos brinquedos mais disputados da Disney, a espera pode demorar 30 minutos. A diversão é achar blusas por US$ 1.000. Ou, vasculhando bem, um par de sandálias de salto por US$ 100.
Dependendo da grife, os descontos podem compensar a viagem. "Minha irmã, quando soube o sexo do bebê, veio para Nova York e comprou todo o enxoval aqui: para recém-nascido, para três meses, para nove meses. Eu vou fazer a mesma coisa quando engravidar", diz a dentista carioca Paula Amadeu, 30, na fila do ônibus lotado que faz a ida e volta a partir de Manhattan por US$ 39. No bagageiro, ela leva sacolas com Tommy Hilfiger e "muito Armani". Nos pés, um par de galochas douradas North Face -"ainda não chegaram ao Brasil"-, óculos Versace de US$ 200 e um relógio Swatch dourado de US$ 125 -no Brasil, custa R$ 800. O marido Leonardo Metropolo, 31, diz que evita as marcas prediletas dos brasileiros. "Diesel? Não compro. E odeio Nike."
A designer de interiores Sumaya Gallardo, 22, fala que "nas lojas que interessam mais, como a Chanel, os preços não compensam tanto". Ela conta que adora grifes como Gucci e que é "seletiva" na hora de comprar. "Gosto de gastar meu dinheirinho em lugares de preços que não sejam uma vulgaridade. Vou ao shopping Iguatemi, por exemplo."
Mônica Bergamo
Fila? Ônibus lotado? Almoço na lanchonete? Para garantir aquele Gucci com desconto, turistas brasileiros lotam o maior outlet de grifes dos Estados Unidos. Por Daniel Bergamasco, de Nova York
O dia de compras mal começou e a advogada paulista Laura Figueiredo, 40, já conseguiu economizar R$ 2 mil. "Comprei dois relógios Tag Heuer para eles [os filhos Bruno e André]. Aqui é muito mais barato. Cada um custou US$ 500. No Brasil, cada um custa R$ 2 mil!!"
Laura está no Woodbury Premium Outlets, a 40 minutos de Nova York, auto-intitulada a maior ponta de estoque de grife nos Estados Unidos. Com 220 lojas, descontos que passam dos 70% e em tempos de dólar mundialmente desvalorizado (em relação ao real, a queda foi de 17,15% em 2007, a segunda maior da história brasileira), o local tem o português do Brasil como um dos quatro idiomas oficiais nos recados transmitidos nos alto-falantes.
O subgerente da Diesel comemora. "Os brasileiros já são a metade dos nossos clientes. Eles compram, compram, compram! Alguns levam umas dez calças de uma vez. Acho que, no Brasil, Diesel é considerada chique. Aqui é mais popular do que lá", diz o rapaz, nascido na Venezuela, nome não revelado.
Ainda são 13h e Laura, Bruno e André planejam o périplo do dia: "Ainda não comprei nada para mim, mas quero ir à Chanel, Fendi, Gucci", diz ela, cliente em São Paulo do shopping Higienópolis, "onde as coisas são mais caras do que aqui", enquanto manuseia um tênis Diesel de US$ 49,99.
Os precinhos camaradas têm seu preço para quem está acostumado à paparicação e ao champanhe gelado de algumas lojas chiques do Brasil. O local, uma espécie de vila com cada loja abrigada em uma casa de madeira, tem um certo clima da 25 de Março, a rua do comércio popular de São Paulo. Aqui, as ruelas são lotadas, clientes esbarram suas sacolas nas sacolas alheias, um pavilhão de lanchonetes composto praticamente só por redes de fast food (há um único restaurante, geralmente com fila de espera), com mesas meio sujinhas e o lixo transbordando nas latas.
A loja da Nike atrai tantos brasileiros que, neste ano, a gerência passou a contratar vendedoras brasileiras (que contam já terem flagrado o ator Thiago Lacerda aproveitando as promoções). As caixas ficam empilhadas em corredores estreitos, mas os preços valem a pena: US$ 49, US$ 69 e US$ 79 são valores comuns para modelos Nike Shox ou Nike Air. Arregaçando as mangas e encarando a xepa no fundão da loja, é possível achar um par de tênis Nike por US$ 4,99 e vários outros por US$ 24,99.
Os maiores descontos são para tamanhos grandes, pequenos, cores e modelos que encalharam nas prateleiras. Na Gap, uma camiseta marfim chega a custar US$ 0,58, já que a cor não agradou nas lojas. Na Calvin Klein, cuecas podem sair por US$ 3 (na loja da Oscar Freire -que, claro, não é outlet-, os preços partem de R$ 49). Outra oferta: R$ 30 em um canivete suíço.
Em algumas das lojas, é preciso mais sofisticação para reconhecer a pechincha. Na Versace, um casaco de pele de US$ 84.795 sai por US$ 21.195. Na Chanel, bolsas das mais baratinhas valem agora US$ 500.
"Tem coisas absurdas de baratas aqui. Comprei uma camiseta Armani Exchange por US$ 20! De graça!!", diz a estudante Fernanda Alcantara, 22, que já gastou US$ 300 e está na fila para entrar na Gucci. Sim, há fila para entrar na loja da grife, "para não encher e tumultuar a loja", segundo explica uma vendedora posicionada na porta de saída para não deixar nenhum desavisado entrar por lá. Para que um cliente entre, outro tem que sair. Como nos brinquedos mais disputados da Disney, a espera pode demorar 30 minutos. A diversão é achar blusas por US$ 1.000. Ou, vasculhando bem, um par de sandálias de salto por US$ 100.
Dependendo da grife, os descontos podem compensar a viagem. "Minha irmã, quando soube o sexo do bebê, veio para Nova York e comprou todo o enxoval aqui: para recém-nascido, para três meses, para nove meses. Eu vou fazer a mesma coisa quando engravidar", diz a dentista carioca Paula Amadeu, 30, na fila do ônibus lotado que faz a ida e volta a partir de Manhattan por US$ 39. No bagageiro, ela leva sacolas com Tommy Hilfiger e "muito Armani". Nos pés, um par de galochas douradas North Face -"ainda não chegaram ao Brasil"-, óculos Versace de US$ 200 e um relógio Swatch dourado de US$ 125 -no Brasil, custa R$ 800. O marido Leonardo Metropolo, 31, diz que evita as marcas prediletas dos brasileiros. "Diesel? Não compro. E odeio Nike."
A designer de interiores Sumaya Gallardo, 22, fala que "nas lojas que interessam mais, como a Chanel, os preços não compensam tanto". Ela conta que adora grifes como Gucci e que é "seletiva" na hora de comprar. "Gosto de gastar meu dinheirinho em lugares de preços que não sejam uma vulgaridade. Vou ao shopping Iguatemi, por exemplo."
Mônica Bergamo
0 comentários.:
Postar um comentário