A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados elegeu ontem - por 36 votos a 22 - o deputado José Aníbal (SP) seu novo líder, derrotando o candidato do grupo que segue a orientação política do governador José Serra, Arnaldo Madeira (SP). Em sua primeira entrevista como líder, Aníbal defendeu a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à Prefeitura de São Paulo, embora deixando claro que a questão ainda está em aberto no partido.
" Geraldo Alckmin é uma candatura forte. Foi nosso governador duas vezes, nosso candidato a presidente da República e teve mais de 40 milhões de votos. Ele tem um diálogo e uma empatia com o eleitor de São Paulo fortíssimo. As pesquisas revelam isso", afirmou Aníbal.
Aníbal lembrou que uma resolução do partido, do ano passado, recomenda que o partido tenha candidato em todas as cidades, principalmente naquelas com mais de 100 mil habitantes.
Segundo congressistas tucanos, Aníbal teve o discreto apoio do governador Aécio Neves (MG), além da governadora Yêda Crusius (RS) e do próprio Alckmin. Sua vitória encerra um ciclo de oito eleições seguidas em que o grupo ligado a Serra - integrado por Jutahy Magalhães Jr. (BA), Custódio Matos (MG), Alberto Goldman (SP) e Antonio Carlos Pannunzio (SP), entre outros - vencia as disputas para líder.
Para reforçar a votação de Madeira, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), exonerou temporariamente seu secretário de Esportes, Walter Feldman, para que ele assumisse o mandato de deputado federal e votasse - a favor de Madeira. "Voltei só por 24 horas", admitiu Feldman.
Aécio Neves, por sua vez, não liberou o secretário de Estado de Desenvolvimento Social de Minas, Custódio Matos (PSDB), para reassumir a cadeira de deputado. Madeira contava com seu voto. "Ninguém achou o Aécio ontem", relatou um deputado ligado a Serra.
A bancada mineira se dividiu: três deputados votaram em Madeira e três, em Aníbal.
Disse o líder eleito que a bancada tem muitos talentos, que cada um tem experiência e competência e que todos terão tarefas, para contribuir para que o partido seja referência na sociedade. Defendeu a necessidade de "vigor" e "energia" da bancada.
Nos discursos, os dois candidatos lembraram que o partido tem dois fortes nome para concorrer à Presidência da República - Serra e Aécio -, mas ficou clara a diferença de estilos. Madeira se apresentou como um candidato "ponderado" e defendeu "prudência e diálogo com os aliados".
Reflete a preocupação de Serra em manter a aliança com o DEM em São Paulo. O governador paulista prefere que o PSDB apóie a reeleição de Kassab, seu aliado, a uma candidatura de Alckmin. Serristas argumentam que Alckmin deveria se preservar para 2010, por ser considerado um candidato imbatível ao governo do Estado.
Ontem, Aníbal rebateu esse argumento. "Isso é pura conjectura. Ele pode esperar sim. É liderança de prestígio nacional. Mas tem também o momento, a oportunidade, para que possa fluir na relação com eleitorado", disse o novo líder. Quanto à aliança com o DEM, disse ser "administrável". Ressaltou, no entanto, que a questão não está decidida no partido.
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