O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, durante a inauguração das obras de revitalização do morro da cruz e doação de telecentros em Florianópolis (SC), que o governo federal não pôde lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Saúde, como pretendia, devido à não-prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A previsão de receita com o imposto em 2008 era de cerca de R$ 40 bilhões, sendo que R$ 24 bilhões seriam destinados à saúde. Lula culpou a oposição pelo não-lançamento do PAC Saúde, mas assegurou que não abrirá mão de mais nenhum programa por falta de recursos da CPMF.
"A oposição trabalhava com a seguinte idéia: não podemos votar a CPMF porque senão a gente vai dar mais R$ 120 bilhões para o presidente Lula até 2010 e aí ele vai fazer o seu sucessor, então nós temos que prejudicar. Não me prejudicaram em nada, prejudicaram foi o povo pobre deste país", afirmou Lula.
Lula disse ainda que "presidente não é eleito para governar para quem já tem dinheiro. Esses precisam de menos dos que têm dificuldade de sobrevivência". Segundo ele, o povo brasileiro foi prejudicado, mas "a história deverá fazer o seu julgamento".
"Político não gosta de trabalhar com saneamento básico. Não tem como homenagear pessoas, pois a obra está embaixo da terra", destacou Lula. Ele afirmou que o PAC terá um investimento de 40 bilhões para urbanização de favelas e saneamento básico. De acordo com Lula, 65 municípios receberão verba para saneamento básico e 67 para habitação.
O presidente afirmou que "nenhum governante paga o preço da crise que ele mesmo causou". O presidente disse que quem paga a conta após um governo mal sucedido é o povo.
Segundo Lula, o Brasil se endividou no governo Geisel para fazer grandes obras, e essas dívidas geraram uma crise que teve seu ápice na década de 80. Para o presidente, a alta criminalidade entre jovens hoje é fruto dessa crise. "Um país que não tem capacidade de crescimento está predestinado a criar gerações de desesperados", disse.
"Precisamos aprender uma lição muito grande. Somos inteligentes. Tem alguns que acham que o povo é tonto", afirmou o presidente Lula. Ele disse que o povo não precisa de "atravessadores" de opinião para tomar decisões. Segundo Lula, não há nada mais barato do que cuidar dos pobres. "Tudo o que as pessoas mais querem é quase nada", afirmou.
"Não cabe a um presidente, a um governador ou a um prefeito ficar pedindo a ficha de filiação partidária para fazer políticas públicas", disse o presidente, ressaltando que não faz acepção de partidos.
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