No meio do caminho tinha uma rocha...Tinha uma rocha no meio do caminho.


O consórcio Via Amarela, responsável pelas obras da Linha 4 do Metrô de São Paulo, divulgou hoje um relatório parcial sobre as causas do desabamento na futura Estação Pinheiros, em janeiro do ano passado. No relatório, o consultor independente Nick Barton afirma que uma rocha com cerca de 15 mil toneladas, não detectada durante o projeto, provocou a ruptura das estruturas e o conseqüente desabamento da obra

Essa rocha se localizava próxima ao topo do túnel que cedeu no dia do acidente. De acordo com o relatório, a estrutura não resistiu ao peso da rocha, que não estava previsto no projeto.

Para que houvesse o processo de ruptura do túnel, também colaborou uma infiltração de água no local, proveniente de galerias formadas pela água da chuva. A rocha estava apoiada sobre outro bloco mais frágil e a água se infiltrou entre as duas camadas.

O diretor do contrato do consórcio Via Amarela, Márcio Pellegrini, disse que o acidente foi uma "fatalidade". "A chance de um colapso desses ocorrer é a mesma de um raio cair duas vezes no mesmo local", comparou.

Ele defende que o consórcio utilizou todos os procedimentos de acordo com as normas técnicas usuais. "Desde o início da obra, o consórcio considerou o projeto exeqüível", disse Pellegrini.

O consórcio alega que, durante o projeto, fez sondagens (perfuração do solo) em onze pontos diferentes. Segundo o consultor, esse número de sondagens é compatível com o tamanho da obra.

Barton explica que já presenciou obras maiores com apenas quatro pontos de sondagem. A Via Amarela esclarece que continuará investigando as causas do desabamento até que o relatório final seja divulgado.

O promotor responsável pelas investigações do Instituto de Pesquisas Técológicas (IPT), Arnaldo Hossepian, não quis comentar os resultados parciais porque o laudo oficial está em fase de conclusão. "Recebi um resumo do relatório que foi apresentado e ele não traz nenhuma conclusão efetiva, apenas suposições. Se o consórcio realizou avaliações geológicas que não conseguiram encontrar uma rocha dessas dimensões, precisamos saber exatamente como foram feitas para podermos chegar a um juízo final sobre o que aconteceu", afirmou.

Veja um trecho do relatório parcial:

Tentando resumir o acidente em poucas linhas, pode-se concluir:
1. que a região da Estação Pinheiros apresenta um maciço rochoso com um trecho de rocha mais "dura" no meio de um maciço de rocha "alterada" sobre a estação;
2. esta condição particular resultou numa carga atuante na estrutura de suporte da escavação bastante superior ao esperado, devido não só às diferenças litológicas, mas também devido à redução do efeito de arqueamento, devido à baixa resistência das interfaces entre a rocha "dura" e a rocha "alterada" e devido à eventual presença de água;
3. que a ruína ocorreu desse acréscimo de carga. Se foi pela fundação ou pela própria estrutura, é um tema que demandaria maiores estudos, para que o acidente se esclareça e que não venha a se repetir em situações geológicas semelhantes.

Redação Terra

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