Base governista racha e reforma tributária pára


Três partidos brigam pela presidência e relatoria

O impasse sobre a formação do comando da comissão especial da reforma tributária que se estende há semanas na Câmara e impede o avanço da proposta ainda deve durar mais alguns dias. Ontem, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), prorrogou o prazo para os partidos indicarem seus integrantes e com isso transferiu a definição do presidente e do relator da matéria na comissão.

Sob pressão do Palácio do Planalto, que cobra do Congresso pressa na análise do principal texto da agenda do Executivo neste ano, PT, PMDB e PR costuram um novo acordo. Os peemedebistas que defendiam o deputado Edinho Bez (PMDB-SC) na presidência repassariam o cargo para o deputado Antonio Palocci (PT-SP). Bez ficaria com a 1ª vice-presidência e a relatoria-adjunta da comissão. A relatoria, disputada pelos petistas com o PR, ficaria com o deputado Sandro Mabel (PR-GO).

– O entendimento é para contemplar todo mundo. É isto que estamos buscando – diz Mabel.

Os petistas, nos bastidores, reconhecem a movimentação para os três partidos governistas estarem no comando. Oficialmente, no entanto, nenhum reconhece que Palocci pode ficar sem a relatoria. A idéia do PT é articular até o último minuto e tentar convencer o PR a deixar a relatoria com Palocci.

– O que posso dizer é que garantimos Palocci no comando. Agora, nossa vontade sempre foi e é o ex-ministro na relatoria – afirma o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE).

Experiência

O principal argumento é que o petista, ex-ministro da Fazenda, participou da elaboração da primeira reforma tributária do governo Lula e que, portanto, poderia amarrar melhor a matéria. Contra Palocci, o PR em companhia com outros partidos da base alegam que o ex-ministro da Fazenda é excessivamente duro na negociação.

Hoje, uma reunião de Chinaglia com os líderes deve definir o novo limite para a formação da comissão. Até ontem, apenas PMDB, DEM e PSDB confirmaram seus nomes.

A indefinição de Chinaglia sobre o comando da comissão tem deixado a base governista em alerta na Câmara. Alguns líderes dizem que cinco partidos - PMDB, PR, PP, PTB e PSC - estão insatisfeitos com a condução dos acordos e prometem dificultar a vida do governo na Casa caso não sejam atendidos. No início das articulações para a composição, o PR acompanhou o DEM e o PSDB e obstruiu a votação de uma medida provisória em sinal de alerta ao governo.

Foi o PR também que impediu outro acordo que estava na pauta para garantir a relatoria compartilhada entre Mabel e Palocci, como defendiam PMDB e PT.

Sem comentar as divergências, Chinaglia diz que a proposta será aprovada neste semestre e que é importante discutir o comando para evitar polêmicas e disputas em torno do texto.

– O importante é a base governista estar unida para garantir a melhor reforma tributária possível de ser realizada – declara o presidente da Câmara.

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