Crédito imobiliário avança em todo país


Os bancos já começam a acompanhar as construtoras no processo de expansão para regiões fora do eixo Rio-São Paulo. Em janeiro, o volume de recursos de financiamento imobiliário destinados para a região Norte representou 24% do total direcionado para a construção de unidades habitacionais, com um total de R$ 209 milhões. Para o Nordeste foram outros R$ 177,9 milhões, mais de 20% do total.

Ao longo de todo o ano passado, o volume de empréstimos para o Norte e Nordeste, incluindo também pessoas físicas, representou 10% do total. A participação mais do que dobrou em relação aos 4,25% destinado em 2004. O Centro-Oeste subiu de 5% para 6,42% no mesmo período.

Os bancos estão seguindo a elevação da oferta de imóveis nessas regiões. "Sem duvida, para todo esse movimento, continuamos atento para poder financiar essas operações", afirma Luiz Antônio França, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e diretor de crédito imobiliário do Itaú. "Há uma demanda importante em todo o Brasil e está sendo explorada".

"Estamos acompanhando os grandes players do setor de construção", afirma Ademir Cossiello, diretor-executivo do Bradesco. "Eles encontraram modelos interessantes, seja se associando a empresários da região, seja comprando participação, principalmente nos dois últimos anos", afirma Cossiello.

"Há um movimento de crescimento forte saindo de São Paulo", disse Antônio Barbosa, diretor do Banco Real. Segundo ele, o banco tem investido, de fato, nessas regiões. "Enquanto o mercado cresceu 133% no Norte, avançamos 450%. No Nordeste, crescemos 112%, contra 88%".

No Norte, ele disse, há um crescimento expressivo em Belém (PA). No Nordeste, o destaque é a Bahia, com avanço também em Pernambuco. E na região Sudeste, Espírito Santo também cresce.

O diretor do Real afirma ainda que boa parte desse avanço se dá em regiões de forte apelo de baixa renda. "São regiões que estão crescendo e possuem forte concentração de baixa renda assalariada". Com a melhora da economia local, melhora o poder de compra e se tornam viáveis operações de crédito, afirma. Os valores médios dos empréstimos (ticket) também são menores. "Cerca de 20% a 25% menor do que em São Paulo".

Mauro Adriano Costa, superintendente de crédito imobiliário do Santander, explica que o banco sempre teve foco histórico no Sul e Sudeste, mas que de fato, no Sul, o crescimento tem sido forte. "Comparando os três estados do Sul, o volume liberado em 2007 cresceu 73%".

Segundo ele, o crédito imobiliário tem características bastante similares nacionalmente, mas os preços dos imóveis são inferiores nessas regiões. "São mercados em que os preços, comparativamente aos de São Paulo, são menores. Nossos produtos de crédito já atendem imóvel com valor a partir de R$ 40 mil".

Teotônio Costa Resende, consultor técnico da vice-presidência da Caixa Econômica Federal, diz que para a Caixa, não houve mudança. "Temos características diferentes dos bancos privados. Até pouco tempo, eles estavam centrados nos grandes centros urbanos. Agora, mudaram o foco, o que explica esse crescimento da participação do crédito imobiliário em outras regiões do Brasil", afirma.

Na Caixa, São Paulo e Rio de Janeiro corresponde a 35% do total, contra 65% do resto do país. No sistema com um todo, ao contrário, os empréstimos para Rio e São Paulo ainda representaram 65%. "Sempre atendemos todo o país", afirma Resende.

Mas ele afirma que mesmo na Caixa, essas regiões vêm apresentando opções interessante. No litoral do Nordeste há um mercado muito interessante, com investimentos de alto padrão. "Temos produtos para qualquer faixa de renda".

Para esses casos, Resende afirma que a Caixa vêm investindo, com certo "atraso", no atendimento ao mercado de construção. "Estamos pronto para atender toda cadeia produtiva da construção civil. Fizemos mudança no modelo operacional interno e criamos plataformas de atendimento. São ilhas de excelência dentro de algumas unidades estratégias espalhadas pelo país para atender as empresas da construção civil"

A Brazilian Securities, companhia securitizadora que compra crédito de empresas de construção também constatou esse fluxo dos bancos. "Como não havia crédito imobiliário nessas regiões, atuamos há bastante tempo no Norte e Nordeste. Agora, os bancos estão chegando", afirma Fernando Pinilha Cruz.

Valor Econômico

0 comentários.:

Postar um comentário



Topo