A base aliada do governo dormiu no ponto novamente e a oposição convocou, pela segunda vez, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para depor no Senado. E, agora, o motivo do depoimento está explicitado no requerimento aprovado: explicações sobre a criação do dossiê de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com cartão corporativo. A convocação irritou os governistas, que prometem anular essa votação.
A postura de tucanos e democratas foi uma reação à decisão de Dilma de não comparecer hoje à Comissão de Infra-Estrutura. Convocada no dia 3 de abril para falar sobre o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), a ministra chegou a enviar uma carta ao Senado se colocando à disposição para visitar os senadores nesta semana. Conversas foram iniciadas para ela depor hoje.
Mas, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma preferiu usar os 30 dias a que tem direito e optou por comparecer somente após o dia 29, quando retorna de viagem oficial ao Japão. Irritada, a oposição reagiu.
Com a ausência de governistas, a mesma Comissão de Infra-Estrutura, presidida pelo tucano Marconi Perillo (GO), votou requerimento do senador Mário Couto (PSDB-PA) para ouvir Dilma sobre o dossiê. O pedido foi aprovado. Só então a base do governo se deu conta e decidiu aparecer.
Sem esconder a irritação, o líder do Palácio do Planalto, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou um recurso para anular a votação. Alegou que o tema sobre o dossiê foge das responsabilidades da Comissão de Infra-Estrutura. Petistas como Ideli Salvatti (SC) e Aloizio Mercadante (SP) engrossaram o coro contra a convocação da ministra. Em vão.
Marconi Perillo decidiu encará-los e encerrou a sessão da comissão sem votar o recurso de Jucá. O líder reagiu. “Isso é deselegância. É golpe da oposição”, afirmou, ameaçando até retirar os integrantes da base do governo de outras comissões em protesto contra a postura de Perillo.
Na prática, a nova convocação de Dilma muda pouca coisa, porque ela já compareceria ao Senado por causa do primeiro requerimento aprovado. Embora tenha sido chamada para falar de PAC, a ministra sabe que a oposição quer tratar de dossiê. A iniciativa governista de anular essa segunda votação tem como objetivo evitar o desgaste político da ministra, e também da base aliada do palácio no Senado, cada vez mais fragilizada na Casa.
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