Longe da crise financeira nos Estados Unidos, três bancos portugueses continuam apostando em bons negócios no Brasil. Estão atraídos pelo forte crescimento do mercado de capitais, do crédito, da renda e do aumento do consumo interno no país.
Na avaliação do presidente do banco BES Investimento, Alberto Kiraly, o mercado de crédito imobiliário é um segmento a ser mais explorado e não tem nenhum problema relacionado à crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos, pois a participação deste tipo de crédito no PIB do Brasil ainda é muito pequena.
Outro fator que enche os olhos do bancos estrangeiros, diz ele, é o crescimento do mercado de capitais. Ele citou que a soma das emissões primárias e de títulos de renda fixa superou o total de financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no ano passado. "Isso, certamente atrai os bancos para esse tipo de operação no mercado de capitais", disse o diretor do BES, especializado em operações de emissões primárias de ações de empresas na Bovespa e de captações externas.
Kiraly diz que, embora a volatilidade dos mercados financeiros no exterior tenham causado uma redução nos IPOS (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) no Brasil, a perspectiva é de uma retomada no segundo semestre. Além disso, o mercado de eurobônus, que também tinha sofrido efeitos da crise americana até um mês atrás, deve voltar a ficar mais aquecido.
Já o Banif, cujo foco são produtos de mercado de capital ligados ao crédito imobiliário, com 11 agências no país, deve abrir mais seis até o fim do ano e chegar a 2009 com 25 agências. "Esperamos que o Brasil se torne investment grade. O mercado de capitais vai crescer", disse o presidente do Banif no Brasil, Paulo Pinho.
Para o presidente executivo do BPN Brasil, Carlos Catraio, a grande aposta é na continuidade do aumento do consumo e do agronegócio. No Brasil, o banco trabalha com operações de crédito consignado em folha de pagamento e a partir de 2006 entrou no segmento de crédito a pequenas e médias empresas. Embora tenha apenas uma agência em São Paulo, o Banif possui diversos correspondentes bancários em cidades médias. "São 20 milhões de pessoas que migraram para a classe C, o consumo e o crédito cresceram muito", comentou. O aumento do consumo, diz, fomenta o investimento das empresas, que precisam de mais crédito. "Emprestamos às empresas que prestam serviço às grandes empresas", diz. O bom momento no mercado de crédito se reflete nos números deste ano. A meta do banco português para o saldo de operações de crédito para este ano, de R$ 500 milhões, deve ser alcançada já em junho, antecipou o presidente do Banif. Ao final do ano passado, o banco fechou registrou saldo de operações de crédito no Brasil de R$ 409,5 milhões.
Apesar das preocupações do Banco Central e da equipe econômica do governo com o aumento do consumo e do crédito, Catraio prevê a continuidade da expansão do crédito porque os investimentos das empresas não pararam de subir. "Indiscutivelmente, a demanda vai continuar a crescer."
Sobre o agronegócio, ele estima que o Brasil vai se beneficiar com a demanda em alta por alimentos do Brasil, da China e da Índia diante dos preços favoráveis das commodities.
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