Resseguro atrai investimentos de R$ 1 bi do exterior


Depois de 69 anos de monopólio, o mercado brasileiro de resseguro está aberto a partir de hoje para empresas estrangeiras e nacionais. As projeções indicam que os preços vão cair e o mercado pode dobrar de tamanho em dois ou três anos. Os investimentos totais das mais de 80 empresas que estão se constituindo no país pode bater em R$ 1 bilhão, incluindo as resseguradoras, corretoras de resseguro, consultorias, escritórios de advocacia e empresas de gestão de risco.

A estréia do mercado aberto terá apenas três resseguradoras, uma em cada categoria criada pela legislação, que começa a vigorar a partir de hoje. Na categoria "local", será o IRB-Brasil Re, a estatal que detinha o monopólio do segmento. Na "admitida", o Lloyds of London e seus sindicatos, os maiores do mundo no setor. Na categoria "eventual", a Munich Re, segunda maior resseguradora do mundo.

Este número, porém, vai mudar em breve. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) analisa a documentação de várias outras empresas e promete aprovar pelo menos dez delas "no curtíssimo prazo". A Swiss Re, que está abrindo duas resseguradoras no país na categoria admitida, já tem autorização preliminar. Por conta da divisão do grupo no mundo, a Swiss, a maior resseguradora do mundo, está abrindo no país a Swiss Zurich e a Swiss America, com escritórios em São Paulo e cerca de 25 executivos, que incluem brasileiros vindos do exterior e estrangeiros trazidos para cá, além de alguns outros contratados aqui.

Transatlantic Re, American Home e a Scor também estão em situação semelhante, com autorização prévia. Outras estrangeiras, que demoraram a entregar a documentação (ou ainda nem o fizeram, apesar de já terem anunciado as operações no país) devem começar a operar apenas em um segundo momento.

Ontem à tarde, em uma entrevista coletiva no Rio, Armando Vergilio, o superintendente da Susep, confirmou a abertura a partir de hoje, destacando que algumas outras companhias devem receber o registro definitivo nos próximos dias, chegando a 12 empresas em operação. A apreensão no mercado ontem era grande, com a perspectiva de que a abertura fosse adiada por causa do excesso de demanda das estrangeiras.

O resseguro é o seguro do seguro, usado em grandes apólices para diluir o risco, como uma aeronave, um navio, uma fábrica ou uma plataforma de petróleo. O principal cliente deste mercado são as seguradoras. Nos primeiros dias da abertura, durante a transição e os ajustes, pouco deve acontecer. Mas os especialistas afirmam que os preços vão cair, graças a maior competição.

"A abertura também vai estimular a criatividade, desenvolvendo novos produtos", afirma Henrique Oliveira, diretor-presidente da Swiss Re no Brasil.

Para ele, na medida que comessem a chegar empresas especializadas em determinados nichos, novos produtos vão aparecer nestes ramos. O segmento de vida é praticamente inexistente no mercado de resseguro no Brasil, com cessão de prêmios de apenas 3,5%. A RGA, a terceira maior do mundo em vida, já anunciou que virá ao Brasil.

Segundo o consultor Luiz Roberto Castiglione, especialista no mercado de seguros, se o Brasil seguir o que acontece na Argentina e no Chile, os prêmios vão crescer consideravelmente. Se as seguradoras brasileiras repassarem para as resseguradoras o mesmo percentual que as companhias argentinas fazem, o mercado aqui cresceria em R$ 1 bilhão. "As perspectivas de crescimento são reais", destaca Castiglione.

Neste ritmo, o mercado deve chegar a 2010 com prêmios de mais de R$ 5 bilhões, e superar os R$ 6 bilhões no ano seguinte. No ano passado, o mercado de resseguros movimentou R$ 3,7 bilhões. Este ano, deve crescer cerca de 20%, segundo a Susep.

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