Na quinta-feira passada o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, assinou um documento simples, mas muito especial para a incipiente indústria de defesa do País. Na prática, o documento enterrou o Projeto FX-2, herdado do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e deu o pontapé inicial para que o Brasil produza, em aliança com a indústria de uma potência militar, um caça de quarta geração para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Até meados de 2007, com um orçamento de US$ 2,2 bilhões, a Aeronáutica estava autorizada a tirar da gaveta, a partir de janeiro passado, a compra de 36 caças para conter a precariedade a que chegou a FAB, com 37% da frota de 719 aviões sem condições de voar - esse era o projeto FX-2, que ampliava a proposta original, do governo FHC, que previa gastos de US$ 700 milhões.
De janeiro para cá, com a avaliação dos produtos disponíveis e dos preços das propostas dos fornecedores internacionais - norte-americanos, franceses, suecos, ingleses, russos, alemães e espanhóis -, além da decisão de implantar uma política industrial de defesa, o governo evoluiu para o projeto de construir um caça sob encomenda e adaptado às necessidades da FAB.
Na avaliação da Defesa e do comando da Aeronáutica, os caças à venda de múltiplas funções - interceptação, defesa e ataque - têm preço aceitável e permitem uma aliança estratégica em matéria de transferência de tecnologia. "Nesse caso,em vez de comprar lá fora, decidimos gastar os US$ 2 bilhões do projeto FX-2 para revitalizar o que já temos e investir no projeto de construção de um caça brasileiro", disse ao Estado o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Segundo Juniti Saito, toda a concepção da nova política vai ser amarrada no Plano Estratégico das Forças Armadas que será assinado no festivo Dia da Independência, 7 de Setembro. "Não vamos fazer nenhuma licitação, pois isso não tem sentido para quem quer ter uma política estratégica", disse Saito.
Esse reforço de capital é para acelerar o lançamento de cargas úteis (satélites) por meio do foguete Cyclone-4 a partir da base brasileira de Alcântara, no Maranhão. Mas a meta maior é construir e lançar o Cyclone-5, até meados de 2010, com a participação de técnicos brasileiros, além de transferir tecnologia ucraniana para o País.
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