Estado Emigrante é o 6º- maior do País


Os emigrantes brasileiros já são mais de 5 milhões mundo afora. Ao final deste ano terão gerado, com o trabalho que realizam, um Produto Interno Bruto (PIB) avaliado em R$ 109 bilhões. Se todos esses conterrâneos formassem um estado, o 28 nacional, este ocuparia a 6 posição no ranking em tamanho da economia. A pujança econômica não pára por aí. Os habitantes do "estado" dos emigrantes detêm hoje a maior renda per capita do País: R$ 20.400,00. Este valor é superior à renda média dos paulistas, rankeados em 3 lugar, com R$ 11.383; dos fluminenses, em 2 lugar, com R$ 11.459,00; e dos domiciliados no Distrito Federal, no topo da lista até agora, com R$ 16.361,00, segundo os dados de 2005 disponíveis no IBGE.

Este Brasil distante, mas absolutamente vitorioso, deve sair do anonimato. No próximo dia 17 de junho, em sessão solene no Congresso Nacional, convocada pelo presidente da Câmara Federal, deputado Arlindo Chinaglia, o emigrante brasileiro finalmente será reconhecido e homenageado. O fórum parlamentar mais importante do País será palco do lançamento "oficial" do Estado dos Emigrantes, uma organização não-governamental fundada pelo empreendedor Ricardo Bellino. Na ocasião, o maestro João Carlos Martins vai reger a orquestra Bachiana Filarmônica na interpretação do hino oficial do Estado Emigrante com letra de Ives Gandra Martins (irmão do regente) e música do maestro Mateus Araújo.

O economista e professor Stephen Kanitz, mestre pela Universidade de Harvard, nos Estado Unidos, não poupa elogios ao empreendedor: "Ricardo Bellino entrará na história do Brasil junto com Pedro Alvarez Cabral, por ter descoberto o 28 Estado Brasileiro, que é maior do que Bahia, Santa Catarina, Pernambuco e praticamentente do mesmo tamanho do Paraná. O que é impressionante é que nenhuma empresa, agência de propaganda ou economista que calcula o PIB deste país percebeu o potencial de consumo e de renda do Estado Emigrante".

No prefácio do livro que Ricardo Bellino escreveu em parceria com o professor da UUS José Carlos Meihy, o empresário e economista Roberto Gianetti da Fonseca identifica nesse fenômeno social ainda recente no Brasil a perplexidade que os números gigantescos do Estado dos Emigrantes projetam. "Os Estados Unidos têm hoje cerca de 290 milhões de habitantes, dos quais 12%, ou seja, aproximadamente 35 milhões, são imigrantes. A vasta maioria vem da América Latina, Caribe e Ásia. Cerca de um terço deles está em situação ilegal no país, vive uma vida tensa, semi-clandestina, sujeita à sobrevivência do dia-a- dia. As repercussões demográficas deste atual fluxo migratório para os Estados Unidos ainda não foram devidamente estudadas", avalia Roberto Gianetti, também diretor de relações internacionais e de comércio exterior da Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "É de extrema importância a valorização da imagem pessoal do imigrante brasileiro promovida por pelos autores do livro (Bellino e Meihy), quando afirmam que, antes de ser um desertor de seu país e de sua cultura, ele é na verdade um lutador que, não tendo encontrado condições de trabalho ou de realização profissional em sua terra natal, se vê compelido a imigrar para outro país, mesmo em condições eventualmente adversas, sem recursos materiais para garantir sua sobrevivência a curto prazo, sem conhecimento suficiente da língua estangeira, dos hábitos e da cultura local", enfatiza Gianetti.

O livro "O Estado dos Emigrantes", de autoria de Bellino e Meihy que está sendo lançado pela editora Elsevier, registra diversos casos dos emigrantes brasileiros, mais ou menos dramáticos. O historiador e professor titular da Universidade de São Paulo (USP) José Carlos Meihy, profundo pesquisador do exodo dos brasileiros afirma que os cinco milhões de brasileiros que vivem lá fora podem passar aperto, mas o dinheiro da família é sagrado. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) informa que os emigrantes brasileiros enviam mais de s U$ 7 bilhões por ano aos seus familiares que ficaram no País,. mas, apesar do sacrifício a que estão submetidos para ganharem esses recursos, em muitas situações são gastos de forma errada. "O emigrante manda dinheiro para a família comprar uma geladeira ou fogão, mas os parentes pagaram roupas ou viagens", diz Meihy.

Para explorar esse novo mercado, no mês passado Ricardo Bellino se associou à rede de varejo Ponto Frio, à construtora residencial Tenda, à rede de ensino e formação profissional Microlins, ao Grupo Notre Dame Intermédica e à Rede Record de Televisão para lançar o projeto OleXpress no Brasil e no exterior. O objetivo é criar uma plataforma de integração dos emigrantes com o seus familiares, que, segundo as contas do professor Meihy, somam 15 milhões de brasileiros. Para acelerar o processo, a OleXpress irá patrocinar o primeiro censo do emigrante, com o objetivo de mapear quem são e onde e como vivem os emigrantes brasileiros no exterior.

Também serão perfilados os dependentes que ficaram no Brasil. Com essa base de dados o projeto pretende integrar esses quase 20 milhões de brasileiros e transformá-los em uma comunidade ativa e dinâmica por meio de um portal de comunicação, oferecendo informações úteis, orientações e assessoria, além de oportunidades e promoções especiais nos negócios em que atua cada uma das empresas. As perspectivas de geração de negócios são robustas, já que nos últimos cinco anos as remessas de dinheiro pelo emigrantes cresceram no ritmo médio de 25%.

A iniciativa do Estado dos Emigrantes pode resgatar também alguns direitos desses cidadãos brasileiros, que hoje, em razão das condições de sobrevivência no exterior, estão comprome-tidos, ao menos parcialmente. Itens básicos como documentação, acesso ao sistema bancário e ao crédito e participação eleitoral acirram bastante o sentimento de esquecimento pela pátria mãe, já que estão impossibilitados de ao menos escolherem seus representantes nos poderes constituídos do Brasil.

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