Cai a desigualdade social no Brasil


A diferença entre a renda dos trabalhadores ricos e pobres caiu 7% entre o último trimestre de 2002 e o primeiro deste ano. Índice de Gini, que mensura o grau de distribuição da renda entre as partes, caiu de 0,543 para 0,505, o que reflete um recuo nas disparidades sociais entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos do país. É o que revela o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na pesquisa de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador varia de zero a um e quanto mais perto do número um maior é a desigualdade no país, já considerada uma das maiores do mundo.

O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, atribuiu o resultado ao crescimento da economia brasileira, ao aumento do salário mínimo e as políticas sociais, especialmente o programa Bolsa Família. É a maior redução desde 1960, ocasião em que o índice era de 0,50. Os salários dos trabalhadores de menor renda subiram quatro vezes mais na comparação com os ocupados de renda mais alta A diferença de salário entre os mais ricos e os mais pobres é de R$ 4 mil, em média.

– A melhora nos dados da desigualdade deve-se, principalmente, ao aumento do salário mínimo e da política de transferência de renda às pessoas que não têm acesso ao mercado de trabalho – afirmou, ao comentar a pesquisa, na sede do Ipea.

Entretanto, Pochmann disse que o Brasil está longe de alcançar um Índice de Gini semelhante ao de países desenvolvidos, onde o percentual fica abaixo de 0,45.

Para trazer a desigualdade para índices de países civilizados, o presidente do Ipea, reitera, ser necessário fazer uma reforma tributária capaz desonerar os pobres e onerar mais os ricos.

A queda na desigualdade no país começou a se evidenciar a partir de 2005, quando a economia começou a se aquecer. De lá para cá, disse Pochmann, o índice vem caindo 1,1% a cada ano. Se tal comportamento permanecer ao longo dos próximos anos, ele acredita que em 2010 o índice poderá recuar para 0,49%. Seria o menor desde 1960.

Juros

Ele teme o risco de o Banco Central abortar o crescimento ao tentar baixar a inflação via aumento da taxa Selic. Para ele, a inflação é proveniente do mercado externo e o governo deveria principalmente reduzir os impostos para não desestimular o setor produtivo.

A pesquisa do IBGE, usada pelo Ipea, leva em conta as seis principais regiões metropolitanas brasileiras. Na lista, estão São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife.

A pesquisa revela que a diferença na renda do trabalhador brasileiro diminuiu porque, a partir de 2002, o ritmo de ganho sobre o rendimento dos mais pobres foi maior que os dos mais ricos.

No primeiro grupo – classificado pelo Ipea como a população ocupada com o menor poder aquisitivo – houve um aumento de 21,89% na renda, que passou de R$ 169, em 2002, para R$ 206,3 no ano passado.

Enquanto isso, no mesmo período, o grupo de trabalhadores com maior rendimento obteve um ganho de 4,92%. Assim, a renda saltou de R$ 4.625 para R$ 4.853. O estudo dividiu a renda dos trabalhadores pesquisados em 10 grupos: o primeiro mostra o menor poder aquisitivo. O 10º reflete o de maior rendimento.

Na média geral, o aumento na renda foi de 8,07%, cujo rendimento médio passou de R$ 1.065, em 2002, para R$ 1.151 em 2007.

Houve uma redução na diferença de renda entre os 10% mais ricos da classe trabalhadora e os 10% mais pobres. Neste caso, segundo o Ipea, em 2003, a diferença era de 27,3 vezes maior entre o piso e o teto da renda dos trabalhadores. A diferença subiu um pouco para 27,4 vezes em 2004. Mas declinou para 25,7 em 2005, 25,1 em 2006 e 23,5 no ano passado.

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