Metade das crianças que precisam de uma vaga nas creches municipais de São Paulo não consegue, segundo dados da Secretaria Municipal de Educação. Em março deste ano, 96.217 crianças estavam matriculadas, enquanto outras 93.476 esperavam na fila. Esses números só aumentam. Em junho de 2007, 87.851 crianças esperavam uma vaga. Destas, 42 mil ainda permaneciam na lista de espera em março de 2008, nove meses depois.

A falta de vagas nas creches de São Paulo afeta, principalmente, os moradores da zona sul da cidade. Grajaú é o distrito com o maior déficit: em março deste ano, 5.003 crianças esperavam por uma vaga. Moradora do bairro, Eulália Santos Mendes, 22, inscreveu o filho Erik Mendes dos Santos, 2, em junho do ano passado, no CEI (Centro de Educação Infantil) Jardim Reimberg, próximo à sua casa. Até agora, ela espera por uma vaga. "Disseram que ainda há 93 pessoas na frente dele", afirma.

Fila
A fila da creche em São Paulo é virtual. A falta de vagas é captada por meio de inscrições feitas pelos pais nas unidades durante todo o ano. Essa demanda passa a fazer parte de um cadastro único e, de acordo com a secretaria, as crianças são alocadas quando surge uma vaga em uma creche perto de casa.

Para diminuir a demanda, a Prefeitura de São Paulo pretende criar 250 creches com 40 mil vagas por meio de parcerias com entidades privadas até setembro do próximo ano. A maior parte dessas vagas (3.040) será no Grajaú. O número, porém, só atenderá a 61% da demanda do distrito, se a quantidade de crianças na fila de espera permanecer a mesma de março deste ano. Dos 96 distritos da capital, apenas Santo Amaro terá a fila zerada - faltam atualmente 124 vagas e 160 serão criadas.

Outros 35 distritos não receberão nenhuma creche nova. Nos dez distritos em que a demanda por vagas é maior, mais de 40% das crianças ainda ficarão na fila após a construção das novas creches.
A Secretaria de Educação afirma, no entanto, que além da parceria com entidades privadas, pretende também construir outras creches para tentar reduzir a espera dos pais.

"Em 2005, a gente tinha 62 mil crianças de 0 a 3 anos matriculadas, que é a idade de creche", diz o secretário municipal de Educação, Alexandre Alves Schneider. "Se a gente imaginar que em três anos e meio a gente cresceu quase 40 mil e que a demanda entre quem entra e quem sai está sempre em torno de 90 mil, acho que a gente consegue, em quatro anos, deixar muito próximo de zero."

Os dados da secretaria divergem dos números registrados no Censo 2007 do MEC (Ministério da Educação), que aponta que apenas 35.016 crianças freqüentavam creches públicas na cidade. Isso acontece porque o ministério não considera como municipais as chamadas creches conveniadas ou indiretas, que são administradas por organizações não-governamentais e recebem verba da prefeitura. Na conta de matrículas da Secretaria de Educação, porém, as conveniadas são consideradas.

R$ 1 bilhão

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou, em outubro do ano passado, que pretendia atrair até R$ 1 bilhão para construção de 500 creches em parceria com a iniciativa privada.

Os convênios foram viabilizados após a aprovação, na Câmara, da lei que instituiu o Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Na ocasião, Kassab afirmou que pretendia iniciar as parcerias ainda em 2007. O edital para a construção das primeiras unidades, no entanto, só foi publicado no mês passado. Durante a campanha eleitoral, Kassab -já aprovado como candidato à reeleição por seu partido- insistirá na tese de que conseguirá reduzir o déficit de vagas em creches por meio das PPPs. O prefeito aposta no discurso de que fez mais na área da educação do que sua adversária, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), que insistirá na tese de que foi a criadora dos CEUs (centros educacionais unificados).

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