O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban ki-Moon, mostrou-se interessado na proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de convocar uma assembléia geral extraordinária para tratar do preço do petróleo e seu impacto no preço dos alimentos. A abertura desse debate para tentar reduzir a especulação no mercado petrolífero foi um dos assuntos tratados durante encontro entre Ki-Moon e Lula na embaixada do Brasil na capital italiana. “Evidentemente, não é uma coisa que ele faz sozinho (convocar uma assembléia geral), mas ele tomou conhecimento com grande interesse e elogiou a iniciativa brasileira de manter esse contato com os países da América Central”, revelou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Ainda não há data para essa reunião. Antes, Ban Ki-Moon precisará receber o comunicado oficial do governo de El Salvador propondo o encontro. Foi na reunião em El Salvador, na sexta-feira, que o presidente Lula e os países membros do Sica (Sistema de Integração Centro Americano) assinaram um documento pedindo a reunião de países produtores e consumidores de petróleo para tentar chegar a um preço mais baixo. Como Lula incluiu o assunto na sua agenda internacional, o tema fez parte da conversa de ontem.
Etanol
Hoje, o presidente brasileiro voltará à carga contra o preço do petróleo durante a reunião de Alto Nível da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre segurança alimentar, mudanças climáticas e bioenergia. Ele dirá que não é o etanol, mas o preço do petróleo, um dos vilões da elevação dos preços de produtos agrícolas. E não ficará apenas no discurso. Levará números. Dirá, por exemplo, que 30% do custo dos alimentos no Brasil está relacionado ao preço do petróleo, especialmente por causa do transporte e dos fertilizantes.
No último domingo, durante conversa com jornalistas na embaixada brasileira, ele deu uma amostra do que pretende dizer hoje em relação ao petróleo: “Chegamos a uma situação insuportável. Os países estão gastando grande parte de seu orçamento com a importação de petróleo”, disse ele. E acrescentou: “Muitos já estão introduzindo a cana-de-açúcar e vamos trabalhar para levar o álcool da cana para os Estados Unidos”, completou o presidente.
Ao mencionar as perspectivas de produção de petróleo do Brasil, o presidente fez uma defesa apaixonada das possibilidades de desenvolvimento da indústria de base.
“Falo aqui como leigo, pode ser que a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo digam outra coisa, mas em março de 2009, o poço Tupi começará uma exploração comercial de 20 mil barris/dia”, disse, citando ainda parte dos custos necessários à essa produção.
“Uma sonda para perfurar no pré-sal custa US$ 700 mil por dia. Vamos precisar de 40. Queremos fazer essa sonda no Brasil”, comentou o presidente, referindo-se às reuniões que já teve com a indústria para tratar do desenvolvimento de tecnologia. “O Brasil não tinha nem dique seco. Agora estamos fazendo”, acrescentou o presidente, entusiasmado com a possibilidade de usar o pré-sal para desenvolver a indústria naval brasileira.
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