O Brasil têm se destacado frente aos demais países emergentes.
Os fundos de ações da América Latina registraram aportes de US$ 1 bilhão no primeiro semestre deste ano, beneficiados pelo aumento do preço das commodities e das exportações de recursos naturais regionais. O volume, no entanto, ficou abaixo do alcançado no mesmo período do ano passado, que somou entrada de US$ 4,934 bilhões. Só o fluxo de investimento para ativos brasileiros fechou o semestre positivo em US$ 611 milhões, porém abaixo dos US$ 1,058 bilhões registrado no mesmo período de 2007, segundo a consultoria EPFR Global.
Para o diretor da BNP Paribas Asset Management, Luiz Sorge, houve uma diminuição na velocidade de captação, porém o Brasil está recebendo mais recursos que muitos países emergentes como China, Índia e Turquia. "As bolsas asiáticas sofreram forte queda, com a correção do preço dos ativos que estavam bastante inflados", afirma.
Os países asiáticos têm sido impactados com o aumento da inflação e a preocupação dos investidores com o desempenho das exportações com o enfraquecimento da economia norte-americana. Os fundos de ações da Ásia, excluindo Japão, registraram saque de US$ 9,827 bilhões no primeiro semestre, o que também acabou impactando os fundos com foco no grupo do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) que apresentaram resgates de US$ 519 milhões no período.
O grupo de fundos Emea, que engloba os mercados do Leste Europeu, Oriente Médio e da África, tiveram melhor desempenho entre os fundos de mercados emergentes, com aporte de US$ 2,1913 no semestre, com os investidores buscando exposição aos recursos naturais da Rússia e aos petrodólares que entram na África e Oriente Médio.
Sorge afirma que o Brasil se descolou um pouco desses países, após receber o grau de investimento. "O País tem a seu favor uma pauta de exportação menos dependente do mercado norte-americano, além de apresentar melhora nos fundamentos macroeconômicos ", diz.
Os fundos de ações do BNP Paribas Parvest Brasil, distribuído globalmente, e o fundo Brasil distribuído no Japão, somaram captação líquida de US$ 160 milhões no primeiro semestre, enquanto a captação líquida para os fundos com foco na América Latina: Parvest Latam e Bonjour Latam, ficou, segundo Sorge, praticamente zerada. "O fundo Brasil distribuído no Japão, lançado em novembro de 2007, tem apresentado boa captação, somando patrimônio de US$ 1,2 bilhão", afirma. O fundo Parvest Bric também apresentou bom desempenho no período, somando captação de US$ 160 milhões.
Ativos atrativos
Sorge afirma que os múltiplos do Brasil ainda estão muito atrativos após a recente queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) , que só em junho apresentou recuo de 11,43%. Hoje o índice preço/lucro da bolsa brasileira, que estima quantos anos os acionista terão o retorno de seu investimento, está em torno de 11,8 vezes, abaixo de outros países emergentes como China (15,8 vezes), Índia (12,6 vezes), México (12,4).O gestor de renda variável para os fundos offshore da HSBC Global Asset Management, Luiz Ribeiro, os mercados de ações emergentes apresentaram captação negativa em junho e julho, com o aumento da inflação e com a desaceleração da economia global. "Os investidores migraram parte de seus investimentos em renda variável para instrumentos mais conservadores, como fundos de renda fixa", diz.
Segundo Ribeiro, tanto os fundos de ações Brasil distribuídos para investidores estrangeiros pelo banco , como os fundos do banco dedicados à América Latina e ao grupo Bric acumularam captação líquida negativa no primeiro semestre. No entanto, Ribeiro acredita que os preços dos ativos brasileiros estão descontados, e que os fundos de ações do Brasil devem voltar a captar recursos estrangeiros assim que o mercado se estabilize. "A economia real no Brasil não foi afetada e projetamos um crescimento do lucro das empresas de 30% em dólar para este ano", afirma.
Ele destaca o crescente interesse de investidores asiáticos por ativos brasileiros. O banco lançou em fevereiro deste ano um fundo Brasil na Coréia do Sul , que acumula patrimônio de US$ 85 milhões, além de ter um fundo Brasil, distribuído no Japão desde abril de 2006, que apresenta patrimônio de US$ 1,3 bilhão.
Na semana passada, o banco de investimento Morgan Stanley elevou a classificação dos ativos brasileiros de "equal-weight", na média do mercado, para "over-weight", acima da média, recomendando a compra dos papéis.
De acordo com o banco, as expectativas de crescimento do lucro das empresas brasileiras permanecem entre as mais fortes atualmente, com projeção de aumento de 25% em 2008. "Nos últimos seis meses, as ações brasileiras demonstraram exuberante desempenho, operando sempre com desconto frente aos demais emergentes", aponta o relatório .
Ribeiro destaca que os setores ligados à commodities, principalmente mineração e petróleo, ainda são os de maior demanda por parte dos investidores estrangeiros, por terem maior liquidez.
O banco Morgan Stanley também recomenda a exposição aos setores de petróleo e mineração, que segundo o banco estão sendo negociados com desconto, e sugere evitar os papéis atrelados ao consumo interno. "A expectativa de enfraquecimento no ritmo de queda na taxa básica de juro do País implica em um cenário mais difícil para os setores ligados à demanda doméstica em 2008 na bolsa", aponta o relatório.
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