"Dez, dez, dez, o constituinte nota dez, me recordo bem da propaganda do Paulo Ramos, é uma pessoa boa, um bom amigo e fiquei muito feliz de entrevistar esse homem de bem da cidade do Rio de Janeiro, do Estado do Rio de Janeiro. Volto na semana que vem. Obrigado a você, obrigado cidadão do Rio, cidadã do Rio, pelo carinho, pela audiência, pelo apoio ao nosso programa. E não esqueça, querendo falar conosco, Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Comissão do Idoso, está aqui o telefone: 0800 28 22 899. Até lá".
Assim termina o programa de TV "O Rio do Coração", apresentado semanalmente no canal CNT pelo ex-deputado Roberto Jefferson, cassado em 2005 por envolvimento no escândalo do mensalão. No comando do talk-show há três semanas, Jefferson substitui a filha Cristiane Brasil, vereadora no Rio que saiu temporariamente do programa para tentar a reeleição pelo PTB. Cristiane preside a Comissão do Idoso citada pelo pai na TV.
Em um cenário kitsch com a foto do Pão de Açúcar ao fundo, Jefferson entrevista os candidatos a prefeito do Rio e abusa do espaço para se promover. Seu nome é mostrado durante quase toda a meia hora do programa e a indicação do seu blog aparece insistentemente na tela.
O ex-deputado com os direitos políticos cassados por oito anos desde 2005 e atual presidente do PTB nacional volta aos seus tempos de TV, trampolim para a carreira política. Entre 1981 e 1984, armado e pesando 170 quilos, Jefferson apresentava "O Povo na TV" na antiga TVS e atual SBT, programa popular no qual encarnava o advogado dos pobres berrando e socando a bancada.
Na terça-feira, conseguiu arrancar declarações inusitadas do entrevistado, o deputado estadual Paulo Ramos. Candidato a prefeito do Rio pelo PDT, Ramos conta que já foi síndico e presidente de bloco de carnaval.
Em meio a perguntas sobre os problemas da cidade, comenta sobre a forma física do pedetista : "Você está inteiro, está conservado". Em outro diálogo, o tema são os hábitos do postulante a prefeito: "Você faz esporte?", pergunta. Paulo Ramos responde como se estivesse numa conversa de compadres. "Por incrível que pareça, jogo meu futebolzinho, jogo buraco, uma sinuquinha."
"Caminha? Procura manter a saúde?", continua o ex-deputado. "Caminho, claro que procuro (manter a saúde). É por isso que eu estou assim, com muita vitalidade", responde Ramos. "Você está bem, a felicidade depende muito da qualidade de vida. Você fuma, Paulo?", continua Jefferson antes da negativa do entrevistado.
Em determinado momento, o candidato pedetista critica os concorrentes: "Eu ouço os demais candidatos e dá a impressão que eles estão só na epiderme".
Jefferson, cujo partido se aliou à candidatura de Eduardo Paes (PMDB) a prefeito do Rio, corta rápido e muda de assunto: "Ô Paulo, ninguém pensa sozinho, você tem uma boa equipe pensando por você, um bom grupo pensando e escrevendo?".
Também faz comentários sobre a violência carioca e o isolamento do atual prefeito Cesar Maia, do DEM. "Nunca vi o prefeito do Rio se relacionando com o ministro do Meio Ambiente, o ministro da Saúde e o ministro das Cidades, nunca vi", diz ele.
No site do PTB na internet, Jefferson afirma que o partido está "preparando as bases para 2010" e lança o nome do ex-presidente e senador pelo PTB Fernando Collor como candidato a presidente. Collor foi alvo de impeachment em 1992 e tinha em Jefferson um aliado entre os deputados federais que o defendiam. "Estamos plantando raízes municipais, construindo nossa base para chegar a 2010 com pelo menos 35 deputados federais, 10 senadores e com nosso projeto de lançar candidato próprio à presidência da República", diz Jefferson no site. O plano do PTB é fazer uma média de 500 prefeitos e pelo menos 3 mil vereadores nas eleições deste ano. O Valor tentou contato com o ex-deputado, mas não obteve retorno.
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