Delegado da PF acusa Kroll de fazer grampo ilegalmente


O delegado da Polícia Federal Élzio Vicente da Silva afirmou ontem à CPI dos Grampos Ilegais da Câmara que a empresa de espionagem internacional Kroll foi contratada pelo grupo ligado ao banqueiro Daniel Dantas para fazer escutas telefônicas e interceptações de e-mails ilícitas. O objetivo de Dantas, sócio-fundador do Opportunity, seria se manter no controle da Brasil Telecom numa disputa que travava com fundos de pensão estatais. “Tenho certeza que Vossa Excelência pode tirar suas dúvidas assim que tiver acesso aos autos”, declarou o delegado ao presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ).

A assessoria de Dantas negou a acusação. Disse que a Kroll foi contratada para “recolher evidências de ações irregulares articuladas pela Telecom Itália e que trouxeram prejuízos à companhia”. “A Brasil Telecom não contratou a Kroll para um serviço de espionagem”, declarou a assessoria, recuperando trechos de nota divulgada anteriormente à imprensa. “A Brasil Telecom jamais divulgou qualquer informação que recebeu da Kroll, sendo, inclusive, a divulgação dessas informações objeto de vedação contratual”, acrescentou a assessoria na nota.

O delegado Élzio Silva foi responsável pela Operação Chacal, que, em 2004, desbaratou o suposto esquema de espionagem. Os poucos integrantes da CPI presentes à sessão defenderam a reconvocação do diretor-executivo da Kroll no Brasil, Eduardo Gomide. No mês passado, Gomide negou que a empresa tivesse feito grampos telefônicos ou monitorado autoridades federais. “Será que ele vai ter a cara-de-pau de continuar mentindo?”, criticou o deputado Laerte Bessa (PMDB-DF). Os deputados querem ter acesso aos autos da Operação Chacal e da Operação Satiagraha. Nos dois casos, Dantas foi investigado.

Segredo de Justiça
O delegado não deu detalhes da investigação durante o depoimento, sob a alegação de que o caso corre em segredo de Justiça. Silva disse que não se constatou pagamento de propina a autoridades brasileiras na disputa que o grupo ligado a Dantas travava com fundos de pensão. A meta do banqueiro seria achar elementos contra executivos da Telecom Itália, antiga aliada e depois adversária comercial. Essas suspeitas foram levantadas em investigações realizadas pela Promotoria de Milão, na Itália. “Concretamente, no que apareceu na investigação, não houve nada disso”, afirmou.

O delegado defendeu o acesso dos policiais a dados cadastrais sem a necessidade de autorização judicial, como forma de agilizar as investigações. Citou o exemplo de uma programa televisivo que fez, durante um sorteio, a identificação da chamada ao vivo. “O Faustão teve acesso a essa base de dados, mas a polícia não tem.”

Já presidente da CPI prestou esclarecimentos sobre a revelação de que recebeu R$ 10 mil nas eleições de 2006 de Dório Ferman, oficialmente dono do banco Opportunity. “Se recebi doação e estou investigando (Dantas), está demonstrada a minha isenção. O dinheiro dado à minha campanha não estabelece relação de amizade com quem fez a doação”, afirmou Itagiba, irritado. Ele disse que não tem ligação com Dantas e que não é amigo de Dório. O deputado afirmou ainda que desconhecia a relação de Dório e Dantas.

Na semana que vem, a oposição pretende colocar em votação requerimentos para ouvir o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, e o ex-deputado do PT e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.

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