Aécio defende aliança com o PT; Ciro e Dilma discordam


Cotado para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), classificou ontem de artificial a disputa política entre o seu partido e o PT e voltou a defender uma aliança entre as duas legendas em torno das reformas política, trabalhista, tributária e previdenciária. Para o tucano, faltam projetos e sobram candidatos ao Palácio do Planalto. As declarações de Aécio foram dadas durante a comemoração dos 40 anos da revista Veja na capital paulista. O evento, aliás, reuniu os quatro presidenciáveis mais cotados para as eleições de 2010 - Aécio, o deputado federal Ciro Gomes (PSB), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

"Na minha avaliação nós vivemos uma polarização absolutamente artificial no País hoje. É a mera disputa pelo poder que coloca em campos opostos os principais atores da cena política brasileira nos últimos 14 anos", disse Aécio Neves. O governador mineiro citou como exemplo de sucesso a parceria em Belo Horizonte, onde a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) tem o apoio formal do PT e informal do PSDB. "No Brasil, não faltam candidatos, o que falta é um projeto claro do que nós queremos quando chegarmos à Presidência da República", acrescentou. Na capital mineira, contudo, alguns petistas têm reclamado da participação de Aécio na campanha de Lacerda.

E se depender do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) não haverá nenhum tipo de união entre petistas e tucanos na sucessão do presidente Lula. Ele afirmou que vê com naturalidade sua candidatura à Presidência da República daqui a dois anos e sugeriu que pode compor a chapa com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Ambos militamos no mesmo campo e somos grandes amigos. A Dilma é uma figura extraordinária", elogiou.

Mesmo assim, o deputado socialista não descartou uma aliança com Aécio, embora tenha enfatizado que a união entre os dois para suceder Lula é pouco provável. "Eu milito no campo de sustentação que o presidente Lula lidera e ele (Aécio) milita na oposição a esse projeto. Mas o que somos é muito amigos, há muitos anos, e eu o admiro profundamente", afirmou. O tucano retribuiu a gentileza, insistindo numa "concertação" de forças políticas que inclua Ciro Gomes.

Assim como Ciro, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), reconheceu em Dilma a candidata de Lula. Ela, no entanto, desconversou quando questionada sobre a possibilidade de compor uma dobradinha com Ciro. "Eu já expliquei que não sou candidata. Eu não vou ficar aqui falando disso", disse Dilma depois de tecer alguns elogios ao deputado presidenciável.

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também se esquivou de comentar seu futuro político. Apesar disto, não perdeu a oportunidade de alfinetar o governo Lula ao criticar o atual cenário econômico. "Há uma armadilha na economia com juros elevados excessivamente, câmbio excessivamente sobrevalorizado, déficit em conta corrente crescente e despesas governamentais aumentando vertiginosamente".

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