Sacristia vira gabinete de transição na Zona Oeste


O prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB) foi à missa e, na sacristia, reuniu-se com o padre Lino, o vereador petista Adilson Pires e o presidente do PT no Rio, Alberes Lima. Em troca do apoio na campanha, Pires pode ser o líder do governo na Câmara Municipal.


Adilson Pires, vereador do PT, deve ser o líder de Paes na Câmara

Católico praticante, o prefeito eleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), mostrou ontem que nem nos momentos de oração esquece o desafio de formar um governo que funcione e mude o Rio. Na Paróquia da Vila Kennedy, na Zona Oeste, Paes reforçou laços que vão muito além da fé.

O eleito visitou pela manhã a igreja do padre José Carlos Lino, seu orientador espiritual, aliado e, depois do encontro de ontem, avalista político para negociações com o PT. Depois de uma missa da qual participou como convidado ilustre – chegou a cantar no altar – o prefeito eleito trancou-se na sacristia, nos fundos do templo, com o vereador petista Adilson Pires e o presidente do PT municipal, Alberes Lima.

– Conversei muito com o padre Lino na campanha, e ele sempre me ajudou muito – disse Paes, a amigos e fiéis do templo, durante a missa.

Reza forte

A Zona Oeste foi fundamental para a vitória do peemedebista na eleição deste ano, com a ajuda decisiva do padre Lino na região. Coube ao pároco a missão de levar fiéis ao caminho do número 15 nas urnas. Caciques do partido contabilizam que o apoio rendeu no mínimo 200 mil votos para o candidato. Mas Paes recebeu ontem a conta. Adilson Pires, vereador do PT eleito pela Vila Kennedy – que aproximou muito Paes do padre Lino – e o comandante do petismo municipal, Alberes Lima, debateram com o prefeito eleito o futuro da Câmara Municipal.

Pelo acordo, como compensação pelo apoio e votos a Paes na região, o PT ficará com a liderança do governo do prefeito eleito na Câmara. O PT só elegeu três vereadores – mesmo número do PRB do senador Marcelo Crivella e bem abaixo do PMDB, PSDB e DEM – e teme perder poder na Casa. Se vingar a proposta, os petistas ganham moral para fazer frente a uma ferrenha oposição dos tucanos e democratas ligados a Cesar Maia.

Simpático à proposta, Eduardo Paes vai levar a situação ao comando da transição, hoje, na Fundação Getúlio Vargas, para ter o aval de quem vai mandar na prefeitura com ele a partir de janeiro – principalmente o deputado estadual Pedro Paulo, futuro chefe da Casa Civil. Às 18h30, na sede do PT no Centro do Rio, a executiva municipal vai debater o pré-acordo firmado ontem na sacristia da paróquia da Vila Kennedy.

Mas o PT está confiante no acordo. Numa jogada paralela dos petistas, a agenda mais importante do dia – tanto para o partido quanto para o prefeito eleito – é a visita do ministro da Justiça, Tarso Genro, à FGV. Tarso apoiou Paes abertamente. O vereador Adilson Pires é quem representa o grupo político do ministro no Rio, a Mensagem ao Partido. Como agradecimento a Tarso, o PMDB tem duas opções: fazer Adilson Pires secretário, abrindo a vaga para um suplente, ou coroá-lo líder do governo na Câmara, como espera o vereador.

O partido, conforme adiantou o Informe JB, terá duas secretarias: a de Habitação e, provavelmente, uma que será criada, a de Desenvolvimento Econômico. O PT ainda não decidiu quem indicar, e é grande a disputa interna. Um grupo ligado ao deputado federal Jorge Bittar almeja a segunda pasta, cujo indicado seria um quadro petista que atua no BNDES. E isso pode atrapalhar os planos de Pires e Tarso.

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