Serra dá a largada à presidência

Foi dada a largada na direção da campanha presidencial de 2010. O governador José Serra, de São Paulo, um dos postulantes ao cargo, ocupou um lugar de honra, domingo, ao subir ao pódio para entregar troféu a um dos vencedores do Grande Prêmio de Fórmula-1, em Interlagos.

Serra tem de correr contra o tempo. Daqui até outubro de 2010 são menos de dois anos e não há tempo a perder. As aparições do governador de São Paulo deverão ser em alto estilo, de preferência em caráter nacional e ligadas a temas que transcendam as fronteiras de São Paulo.

Um dos temas preferidos de Serra deverá ser a questão da mobilidade. Aliás, ele próprio anunciou um investimento até 2010 para melhorar o tráfego nas marginais Tietê e Pinheiros, pontos nevrálgicos no caótico trânsito de São Paulo.

Ainda na questão da mobilidade, Serra deverá pegar firme na ampliação das obras do metrô de São Paulo. Ele nunca esconde que pretende ampliar substancialmente as obras daquele que é o mais eficiente meio de transporte de massa.

Da mesma forma que é eficiente, o metrô é reconhecidamente tímido. São cerca de 61,3 quilômetros de extensão, um porte pequeno para um meio de transporte que começou a ser construído há 40 anos.

Ao eleger o metrô como uma das alavancas para sua pré-campanha rumo à presidência da República, Serra busca também cicatrizar e curar uma ferida exposta por longos anos. A chaga compromete seu partido, o PSDB, que, apesar de seguidos anos no poder estadual, é acusado de pouco ter se empenhado na ampliação das linhas.

Ainda a favor da melhor mobilidade na Região Metropolitana de São Paulo, José Serra terá a seu favor a inauguração do trecho sul do rodoanel. O rodoanel, como se sabe, é uma obra reclamada há várias décadas e tida como uma das soluções para tirar o tráfego pesado das principais artérias.

Serra tem como handicap político para pleitear a presidência da República uma carreira que inclui o cargo de ministro da Saúde, época em que esteve à frente da difusão dos medicamentos genéricos.

Outro atributo do economista José Serra, postulante ao cargo hoje ocupado pelo ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva é sua indisfarçável ambição política. Sem rodeios, ele está sempre presente, ainda que por vezes afoito, quando se trata de defender e ocupar espaços políticos.

Até setembro último, quando o Brasil, especificamente, voava em céu de brigadeiro, sem crises e com um horizonte largo pela frente, as chances de Serra para ocupar a cadeira de presidente da República poderiam ser consideradas limitadas.

Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato, até então considerado um presidente de "sorte", trava neste momento uma contenda com a crise.

Serra é que parece viver uma lua-de-mel com o poder e a fama, principalmente depois das últimas eleições municipais quando saiu vencedor por ter participado da reeleição do prefeito Gilberto Kassab. O governador ampliou sua plataforma na direção de 2010 na medida em que também ajudou a derrotar Geraldo Alckmin, terceiro lugar no pleito à prefeitura da cidade de São Paulo. Há indícios de que Alckmin, se eleito, seria cabo eleitoral de Aécio Neves, possível concorrente de Serra ao Planalto.

Serra no páreo para a presidência da República não chega a ser propriamente uma novidade. Desde sua eleição para prefeito de São Paulo, cargo que trocou em meio de mandato pelo de governador, a meta de disputar a presidência já estava no seu script. Em política, como na vida, a determinação é uma das portas para se atingir o objetivo. Serra é determinado. Só isso, porém, não basta. É preciso um pouco de sorte e agir rapidamente até porque outubro de 2010 já está batendo na porta.


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