Com o nosso dinheiro, Mendes vai turbinar a agenda fora do Brasil


Na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) desde o dia 23 de abril, o ministro Gilmar Mendes tem mostrado uma disposição sem precedentes para viajar pelo País e para o exterior. Sua vasta agenda tem despertado comentários de que estaria em campanha para algum cargo eletivo em 2010 - de vice-presidente da República na chapa do tucano José Serra até governador do seu Estado natal, Mato Grosso. A dias de completar 53 anos, Mendes nega que tenha a intenção de mudar de emprego.

Segundo ele, essas viagens têm o objetivo de divulgar no Brasil e no exterior o trabalho e a jurisprudência do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que exerce o controle externo do Judiciário e que também é presidido por ele. "Não sou candidato a nada", costuma garantir.

"O STF é uma das Cortes mais importantes do mundo em termos de atividade e importância política", afirma Mendes. "Quero mostrar o trabalho que o STF faz", completa o presidente do Supremo. Para concretizar esse projeto de "internacionalização do tribunal", além das viagens de divulgação lideradas por Mendes, o Supremo tem providenciado a tradução da jurisprudência da Corte para o inglês. "Há muita curiosidade sobre como a gente resolve problemas sociais e temas como fidelidade partidária e greve de servidores", declarou Mendes, recentemente.

Como presidente do Supremo, ele viajou em 2008 para participar de eventos promovidos pela comunidade jurídica em cinco países - Alemanha, Estados Unidos, Itália, Argentina e Lituânia. Para 2009, estão previstas 12 viagens internacionais, começando pela África do Sul, em janeiro, onde ocorrerá a 1ª Conferência Mundial de Cortes Constitucionais.

PELO BRASIL

No Brasil, Mendes costuma visitar, em média, duas cidades por semana. Essas viagens geralmente ocorrem nas segundas ou sextas-feiras, dias em que não há sessão de julgamentos no tribunal. Nesses locais, o presidente do Supremo dá palestras e aulas, participa de solenidades e de inaugurações, e recebe prêmios.

A reportagem do Estado acompanhou uma das viagens no dia 8 de dezembro, quando Mendes inaugurou Casas de Justiça e Cidadania nas cidades de Montes Claros, em Minas Gerais, e Teresina, no Piauí. Conforme divulgou na ocasião o STF, esses centros vão servir de base para a realização de trabalho voluntário. Neles serão oferecidos assistência judiciária, cursos profissionalizantes e palestras sobre prevenção de situações de violência doméstica e sexual, dependência química, educação para o voto, saúde pública, cidadania e desenvolvimento social.

No dia da viagem, Mendes embarcou em um avião de pequeno porte da Força Aérea Brasileira (FAB) às 7h30 da manhã. A primeira parada ocorreu em Montes Claros. Cerca de quatro horas depois, ele entrou novamente no avião e seguiu viagem para Teresina, no Piauí. Lá foi recebido até por uma banda. Ao retornar para Brasília, aproximadamente às 22h30, aparentava ser o menos cansado do grupo e ainda tinha pique para conceder entrevista aos jornalistas.

Além da disposição para viajar, Gilmar Mendes tem demonstrado que prefere revelar suas opiniões sobre assuntos polêmicos quando está fora de Brasília. Em novembro, durante viagem oficial à Alemanha, por exemplo, o presidente do STF defendeu que o Brasil adote um modelo próprio de cotas em universidades.

Segundo ele, esse modelo deve levar em consideração os aspectos étnicos, culturais, econômicos e sociais do País. "O modelo de ações afirmativas não deve levar em conta apenas a raça ou a cor do indivíduo, mas a sua situação cultural, econômica e social", afirmou Mendes durante uma palestra feita na Alemanha.

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