Travelstart no Brasil


Crise? que crise? A agência de viagens on-line Travelstart aterrissou no mercado brasileiro em setembro. A companhia sueca mostra-se confiante no consumo nacional. "Até então eles nunca tinham visto venda parcelada de passagens e acham que isso pode ser um bom negócio no Brasil", diz a diretora da Travelstart, Silvia Fagundes.

A empresa tem 12 filiais pelo mundo e está entre as quatro maiores do setor na venda online, com faturamento de US$ 180 milhões previsto para este ano. No Brasil, ao final dos três primeiros meses, exibe uma média de 120 passagens ao dia, sendo que 70% disso é parcelado. "Seguimos a mesma política das companhias aéreas, responsáveis pelo financiamento", diz Silvia. A agência recebe comissão de 6% a 10% (em vôos domésticos da Gol e da TAM) e um percentual de 4% a 9% nas viagens internacionais. Também vende reservas de carros e hotéis. Até agora, 90% da demanda é para o mercado nacional. "Se o dólar se estabilizar em torno de R$ 2,10, acredito que teremos mais reservas para o internacional", diz ela.


Com estimativa de receita de R$ 36 milhões para o final de 2009, a Travelstart não se intimida com um possível aperto da crise. A equipe enxuta tem sete pessoas em São Paulo. O sistema eletrônico funciona mesmo, diz Silvia, a ponto de evitar a contratação de um call center para atender reclamações. Na capital, quatro pessoas da equipe cuidam do atendimento ao cliente e outras três no interior, em Itapetininga, estão sendo contratadas para o mesmo fim.


A tecnologia para venda de passagens on-line, por sinal, é um dos trunfos com os quais a empresa conta no Brasil: a Travelstart está desenvolvendo sites de venda de pacotes turísticos para duas varejistas nacionais e uma regional, que pretendem oferecer o serviço em 2009. No exterior, 20% da sua receita vem da venda de tecnologia para agências de terceiros. Por aqui, entre as grandes redes, só o Carrefour Viagens está, desde 2002, em operação. Mas a rede francesa não informa desempenho. Renner, Riachuelo, Wal-Mart e Pão de Açúcar não exploram o serviço. A C&A desistiu da venda de pacotes na loja.


"Muitas tentaram, mas não tiveram sucesso por falta de movimento", diz o diretor da agência Sancatur, Oswaldo Nadal. A Sancatur mantém quiosque em duas unidades da Casas Bahia na Grande São Paulo, mas já esteve em seis lojas da rede. "A expansão deles exigiu que eu abrisse mão dos pontos, mas quero estar em mais lojas em 2009", diz Nadal, que loca o espaço nas unidades onde realiza, em média, 15 vendas ao dia por loja.


Para o consultor Eugênio Foganholo, as varejistas tentaram oferecer o serviço para diversificar o mix e agregar receita. "Se não deu certo com a venda física, é possível que tentem o on-line, onde os custos são menores", diz. No início, a Travelstart deve oferecer só tecnologia às varejistas. "Mas podemos intermediar a negociação com as companhias aéreas", diz Silvia.


Na Gol, as agências on-line representam perto de 10% das vendas totais, que somam 2 milhões de vôos por mês. Decolar e B2W (Americanas e Submarino) têm dois terços desse mercado. Segundo Tarcísio Gargioni, vice-presidente de marketing e serviços da Gol, a tendência é o on-line ganhar mais importância. "Mas para isso precisam oferecer um pacote completo, com hotel e locação de carro".

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