Encravada entre bairros de casas e apartamentos com preços às vezes múltiplos de R$ 1 milhão, como Vila Andrade e Ernest Renam, a favela de Paraisópolis estabelece relação dúbia com a vizinhança. Ao mesmo tempo em que é citada por moradores como causa de violência, sua população está integrada à rotina do entorno."A relação é inevitável. Paraisópolis está dentro da casa dos ricos, não só pela vista da janela da cobertura, mas pelos empregados que trabalham na região.
Não existe Morumbi bom com Paraisópolis ruim", diz Gilson Rodrigues, líder da associação de moradores da favela.A dona-de-casa Carmela Gasparini, 62, vive em um condomínio de casas próximo à favela de Paraisópolis há 25 anos e disse que estar ali "nunca foi problema" até anteontem, quando moradores e polícia se enfrentaram por horas."Foi traumatizante. Caiu a ficha de que moro ao lado de uma favela.
Me tranquei em casa e fiquei com bastante medo", afirma ela. "Tirar a favela dali é impossível. Eu até gostaria, mas não é realista."O "toque de recolher" voluntário se espalhou pelos bairros da vizinhança. "Fechamos as portas, porque não tinha clientes. Estava todo mundo dentro de casa", diz Valdivino Souza, gerente da padaria La Roma, na avenida Giovanni Gronchi. Mas foi, diz ele, um dia atípico.
"A proximidade com a favela não costuma ser problema. Muitos dos nossos funcionários moram lá."InvisívelNos anúncios do mercado imobiliário local, a favela desaparece. Em estande de vendas da MRV Engenharia, a metros do início dos barracos, o corretor de imóveis De Paula dizia: "Não tem por que se preocupar. São dois mundos distintos, você sai da favela e já está em lugar completamente diferente", afirma.Propostas de fechar as ruas com cancelas são comuns entre grupos de moradores da Vila Andrade. "Na minha rua, já fizemos um bolsão, mas tivemos que desfazer [por ser ilegal]. Eu sou super a favor", diz a empresária Maria Alcina. Folha
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