O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) lançou a ideia de o governo usar "a Caixa Econômica Federal, que é 100% estatal, para estabelecer referências de rentabilidade no setor bancário". A sugestão está na edição deste mês da Carta do Ibre, documento mensal de análise econômica publicado na revista Conjuntura Econômica.
A proposta é o governo fixar uma meta de lucro para a Caixa com o objetivo de garantir a sua saúde financeira e também fomentar a concorrência entre os bancos para que os spreads caiam. O diretor do Ibre, Luiz Guilherme Schymura, considera que "não tem por que um banco 100% estatal, como a Caixa, dar lucro astronômico". Para ele, o papel da Caixa "deve ser de gerar competição, inclusive em relação às tarifas públicas".
Há, porém, em áreas técnicas do governo, a percepção de que a Caixa e o Banco do Brasil são, de certa forma, obrigados a manter os spreads altos. A explicação é que eles operam intensamente em crédito direcionado e alguns segmentos de maior risco, como pequenas e microempresas. Assim, têm de aumentar os juros para ficar com rentabilidade média próxima à do setor privado.
Assim, os bancos públicos de fato puxariam para a cima o spread. Se isso for verdade, eles poderiam também puxar para baixo, desde que operassem com mais eficiência e fossem desincumbidos de segmentos de risco ou pouco lucrativos, nos quais os bancos privados participam muito menos.
Schymura notou que o Banco do Brasil é um caso diferente do da Caixa porque é controlado pelo governo, mas tem acionistas minoritários também. "O Banco do Brasil é diferente da Caixa, tem de ganhar dinheiro mesmo", disse. No entanto, ele entende que, "na sequência" da redução dos spreads da Caixa, o Banco do Brasil deveria fazer o mesmo. "Aí são 40% do mercado e, se a redução do juro de 40% do mercado não gerar competição, eu começaria a ficar preocupado", comentou.
Schymura explicou que, para que o governo proponha que lucro a Caixa deve ter, a instituição deveria abrir suas contas para que, a partir dos custos, fosse fixado o lucro almejado e, a partir daí, os spreads. Ele defende a mesma transparência para o Banco do Brasil.
FRASES
Luiz Guilherme Schymura
Diretor do Ibre-FGV
"Não tem por que um banco 100% estatal, como a Caixa, dar lucro astronômico"
"O papel da Caixa deve ser de gerar competição, inclusive em relação às tarifas públicas"
""O Banco do Brasil é diferente, tem de ganhar dinheiro mesmo""
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