Presidente pede munição para a defesa do governo


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem aos ministros da coordenação política e da área econômica dados para acalmar a insatisfação da base e municiar os aliados no discurso em defesa do governo. Amanhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai expor aos líderes e presidentes da coalizão governista as medidas tomadas até o momento para aliviar a crise internacional, as razões para o veto parcial à medida provisória que cria um novo Refis e as propostas que ainda espera ver aprovadas pelo Congresso. Lula pediu ainda ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, levantamentos que rebatam a visão de que a administração petista inchou a máquina pública.

Esta tem sido uma crítica recorrente da oposição, intensificada durante a crise internacional. Segundo o chefe do gabinete pessoal da Presidência da República, Gilberto Carvalho, esse argumento não convence. "Não existe inchaço da máquina. O que o governo fez foi uma reestruturação do Estado Brasileiro", defendeu Carvalho. Segundo ele, o levantamento pedido por Lula a Paulo Bernardo é um raio-x de todas as ações do governo federal desde a posse do petista, em janeiro de 2003.

Ele vai conter os investimentos, as ações e a eficiência trazida ao país pela maneira de governar do PT. O governo defende, por exemplo, que ao multiplicar os concursos públicos e reajustar os salários dos servidores, não aumentou demasiadamente o custeio e sim corrigiu distorções na máquina pública federal, fruto de anos e anos de descaso governamental.

De acordo com o ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro, este levantamento será apresentado aos líderes aliados tão logo o presidente Lula retorne de sua viagem à China e à Turquia, que se inicia na quinta-feira. Mas na quarta-feira, véspera do início do périplo presidencial, Lula reúne-se com os líderes aliados para debater a crise internacional.

Mantega e Lula querem reforçar a necessidade da parceria entre Executivo e Legislativo para que a crise seja superada. Na semana passada, o próprio presidente reuniu-se com lideranças políticas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória do governo, para tratar da MP 449, que abre um novo parcelamento de dívidas federais de empresas e pessoas físicas. A equipe econômica pediu aos deputados que desistissem de trocar a taxa que corrige as parcelas das dívidas de Selic para TJLP. O pedido não foi ouvido e Lula vetará o dispositivo. "O ministro Mantega mostrará as razões que o levaram a agir desta maneira", disse Múcio.

O ministro da coordenação política não acredita em uma rebelião na base aliada, insatisfeita com demissões de aliados em empresas estatais, mas prometeu intermediar conversas dos líderes com ministros para aparar arestas. (PTL)

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