O apoio de todas as correntes do PT à manutenção do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) no cargo, conforme determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, isolou os dissidentes petistas da Casa. Os senadores Eduardo Suplicy (SP), Tião Viana (AC), Marina Silva (AC), Flávio Arns (PR) e, em menor grau, Paulo Paim (RS), continuam defendendo que Sarney peça licença, concedem entrevistas, escrevem artigos e manifestam-se sobre o aspecto moral da crise no Senado. A cúpula partidária critica o grupo por não estar percebendo que a disputa política desestabiliza o governo e a aliança com o PMDB em 2010 - tudo o que interessa à oposição no momento.
"Eles (os senadores petistas) estão mais preocupados em defender a própria biografia e se esquecem que no Senado a maioria do governo é tênue", afirmou um integrante da direção partidária, lembrando que a chamada Câmara alta impôs as maiores derrotas do governo Lula, como a queda da CPMF e as diversas propostas de formação de CPIs.
A cada dia que passa, o grupo fica mais isolado. No domingo 5, dois expoentes da Mensagem ao Partido - o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP) e o ex-prefeito doRecife, João Paulo - aceitaram formalmente a imposição de Lula de apoio a Sarney. "Defendemos a necessidade de uma apuração profunda, com a punição exemplar aos culpados. Mas atribuir esta crise ao senador Sarney é tapar o sol com a peneira", declarou Cardozo.
Com a adesão de mais uma corrente partidária ao discurso da governabilidade, a avaliação da direção é que 80 a 90% do partido estão com Lula. "O jogo político está pesado. Existe a máxima de que cada senador é uma instituição, independente do partido. Nosso pessoal pensa assim também", afirmou um petista com trânsito na direção.
Apesar do isolamento, ninguém acredita que o grupo possa vir a romper com o PT, seguindo os mesmos passos dos parlamentares que deixaram a legenda rumo ao PSOL. "Eles sabem que não teriam vida fora do PT. Basta ver a votação pífia que o PSOL terá nas próximas eleições", ironizou um petista. O que não significa que o arranjo político para remendar esta situação não venha a ser doloroso. "A militância partidária percebe quando alguém abdica de seguir a orientação partidária".
Um analista petista divide o grupo dissidente em vários blocos. No caso de Marina e Tião, ele acredita que os dois parlamentares lutam para ocupar o mesmo locus, sabendo que só há espaço para um deles. "É um estado muito pequeno para gerar uma briga tão grande", completou, dando a entender que Lula não vai intervir na disputa no Acre
No caso de Suplicy, a querela é mais antiga. "Não é de hoje que Suplicy se opõe ao partido. Os eleitores já perceberam que ele é teórico demais e estão diminuindo gradualmente sua votação ", afirmou um petista de São Paulo. Essa queixa já fez com que, em disputas recentes, colegas de partidos cogitassem "bater chapa" com Suplicy em prévias.
Um dos chamados dissidentes, o senador Paulo Paim (PT-RS), nega que o grupo esteja cego a 2010. "Todos estamos pensando nas eleições. A abordagem e a concepção é que são diferentes, não estamos apenas falando de biografias", disse Paim.
O ex-governador do Acre e irmão de Tião Viana, Jorge Viana, afirmou que o senador acreano apenas reverberou sentimento que permeia o país. "A população defende mudanças profundas no Senado", reforçou.
Mas Tião começa a sentir a pressão. Ninguém admite publicamente, mas o governo não gostou nada da entrevista do senador concedida à Veja no fim de semana. Como também não gostou da indecisão do líder no Senado, Aloizio Mercadante (SP) em firmar a posição da bancada. "Em certos momentos, o líder pode ouvir a maioria. Em outros, é preciso tapar o nariz e seguir em frente, buscando a recomposição depois", afirmou um integrante do governo.
A colegas de bancada, Tião Viana tem dito que, ao reclamar do tipo de relação do presidente com o Senado, não estaria criticando Lula, mas afirmando que a relação fisiológica entre o Executivo e o Legislativo é antiga e precisa ser superada. "Este problema vem desde o governo Fernando Henrique. Ele disse isto ao presidente do partido, Ricardo Berzoini", declarou Jorge Viana.
Colegas de legenda acham que o acreano está fazendo "política com o fígado e que manter esta postura acaba por dificultar recomposição mais à frente". Um deles chega a afirmar que "pega mal esta pose de ético em excesso, algo que acaba gerando dúvidas junto ao eleitorado".
Jorge Viana defendeu o irmão, afirmando que tanto ele quanto Marina, apesar de terem posição radicalmente opostas às de Lula, foram ao Palácio da Alvorada ouvir as ponderações . "Eles estão abertos ao diálogo, imbuídos da necessidade de encontrar uma saída". Mas Jorge Viana justifica Lula. "Lula precisa estar atento à governabilidade".
Pondera, contudo, que nem sempre partido e governo podem comungar, por serem instâncias com papéis distintos a serem exercidos. O ex-governador acha que, colocadas todas as posições, é preciso encontrar uma solução para o impasse. "Na verdade, existem duas alternativas. O afastamento ou a permanência de Sarney. Nenhuma delas é boa para nós", afirmou.
E agora Ju, que será que esses "dissidentes" vão dizer? Que Sarney tá louco, que não pode anular os "atos nulos" sem anuência do Perilo, do Heráclito, da 'mesa', enfim? Se portaram como traíras e assim deverão ser tratados em 2010. Quase todos têm mandato a disputar e se o LULA tiver dificuldades pra subir no palanque deles? Quem vão usar de muleta? Ainda mais a marina e o tião! Durante a gestão da marina foi quando se fez mais desmatamento aqui na Amazônia. E o Tião, primeiro tem pagar o empréstimo do celular. E se cuidem que o Agaciel era da turma do DEM, não vai ser surpresa se surgir algumas nomeações deles 'por descuido' não publicadas. Que saldades do Simbá véio de guerra! No PT do senado só sobrou a IDELI, o resto são uns vendidos por 2 ou 3 minutos por mes nas TVs do 'midião'! Abraço, Edmar.
ResponderExcluirO MICO DO ZÉ
ResponderExcluir14/07/2009 - 11:51
Serra e o golpe da comenda
Do Painel do Leitor da Folha
“Texto de Ricardo Melo dá curso a boataria que circulou nos últimos dias pela internet, em sites e blogs de menor repercussão.
Repete o jornalista que o governador Serra teria atribuído à ONU um prêmio recebido na semana passada, outorgado por uma ONG.1.
A entidade não é filiada (ou seja, com relação direta) à ONU. O governo de Sâo Paulo continua enrolando. Ela é uma mera associada (ou seja, papel consultivo), uma das 3.195 ONGs associadas ao Conselho Econômico e Social (ECOSOC).
Essa confusão entre filiação e associação é comprovante da falta de assessoria internacional do governo do Estado.
Como consta de todo o material distribuído sobre a homenagem, em momento algum o governador ou sua assessoria disseram diferente: o prêmio é da WFO (World Family Organization), entidade com sede em Paris, filiada à ONU e fundada em 1947. É, ao mesmo tempo, endossado pelo Comitê Econômico e Social (Ecosoc) da ONU.
Durante reunião anual do Ecosoc (entre os dias 6 e 9 últimos) na sede europeia da ONU, em Genebra, o prêmio foi entregue ao governador, como um dos eventos dessa reunião plenária, na presença de jornalistas brasileiros.
Acrescente-se que não é prática do governador ostentar títulos que não tem. Primeiro, porque não seria ético. Segundo, porque seu currículo dispensa maquiagens.”
JUNIA NOGUEIRA DE SÁ, coordenadora de Comunicação e Imprensa da Secretaria de Comunicação do Governo de São Paulo (São Paulo, SP)
Comentário no BLOG Luiz Nassif
Não chamarei Júnia de assessora inexpressiva, primeiro porque ela tem história; depois, porque o texto é do Serra. Mas vamos à maneira como o governador tenta esconder o mico que pagou.
Antecipo alguns pontos:
1. A entidade não é filiada (ou seja, com relação direta) à ONU. O governo de Sâo Paulo continua enrolando. Ela é uma mera associada (ou seja, papel consultivo), uma das 3.195 ONGs associadas ao Conselho Econômico e Social (ECOSOC). Essa confusão entre filiação e associação é comprovante da falta de assessoria internacional do governo do Estado.
2. A presidente dessa entidade (na foto ao lado do governador) responde a processos em dois estados e, provavelmente, incorrerá em um novo processo em um terceiro estado. Acusação: estelionato.
3. Em todas as manifestações sobre o evento, Serra fez questão de salientar que seria na sede da ONU. A troco de quê dar mais destaque ao local do evento do que à entidade organizadora? Obviamente passar a impressão de que havia o aval da ONU à premiação.
4. A única informação correta da nota da assessora é que Serra não precisaria dessa encenação para enriquecer seu currículo. O José Serra original certamente não faria isso. O ator que se faz passar por José Serra, depois que virou governador, mostrou-se capaz de incorrer em ridículos continuados.
Vamos aos detalhes dessa ópera bufa:
Blog do Luiz Nassif