O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está convencido de que, um ano depois da quebra do banco americano Lehman Brothers, fato que empurrou o mundo para a mais grave crise desde 1929, o Brasil tem razões de sobras para comemorar. Além de a economia ter deixado a recessão para trás em apenas seis meses, ao crescer 1,9% no segundo trimestre de 2009 ante o primeiro, as reservas cambiais estão US$ 15 bilhões maiores do que antes do estouro da bolha imobiliária americana, a inflação está sob controle e o desemprego, em baixa. "Tudo isso foi possível porque o governo tomou as medidas corretas na hora certa", diz.
Mas o mais importante, na opinião de Meirelles, é que a recuperação foi possível sem que o Brasil tivesse que sacrificar seus fundamentos macroeconômicos para tentar crescer mais e, depois, retroagir. Foi essa postura firme que permitiu, inclusive, ao BC, promover um processo inédito de queda da taxa básica de juros (Selic) em tempos de crise.
Diante da obstrução do crédito internacional, o BC abriu os cofres para socorrer empresas e exportadores, liberando US$ 39 bilhões. Interveio com US$ 33 bilhões no mercado futuro de câmbio para desmontar operações especulativas com o real. Para evitar problemas no sistema financeiro nacional, liberou R$ 100 bilhões que os bancos haviam depositado compulsoriamente em seu caixa. Todas, medidas sem custo fiscal. Quanto às políticas anticíclicas adotadas pelo Ministério da Fazenda, que têm causado desconforto no mercado por estarem focadas no aumento de gastos com pessoal, ele assegura que o Brasil está em uma posição confortável. Enquanto o deficit fiscal brasileiro fechará este ano em 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB), na média dos países do G-20 o rombo será de 8,1%.
O presidente do BC garante que o Brasil está pronto para crescer por um longo período a taxas expressivas, sem pressões inflacionárias. Para os que temem os efeitos de uma nova onda de crise, ele tranquiliza: "Nosso poder de fogo é grande. Temos um arsenal de medidas pronto para ser usado".
Veja, a seguir, trechos da entrevista que Henrique Meirelles concedeu ao Correio Braziliense.
Ao contrário dos países mais ricos, a recessão no Brasil foi rápida e menos profunda. Diante do crescimento do PIB no segundo trimestre, de 1,9%, há uma ala de economistas dizendo que o Brasil saiu mais forte da crise do que entrou. O senhor concorda?
Sim. O Brasil já entrou mais forte na crise porque sua posição relativa em relação aos demais países emergentes e países avançados melhorou. Por isso, o nosso crescimento pós-crise está se dando de forma mais rápida e mais forte. Além do mais, os sólidos fundamentos da economia brasileira foram preservados durante a crise. As reservas internacionais do país estão maiores do que na entrada da crise (US$ 220 bilhões contra US$ 205 bilhões em agosto de 2008). A situação fiscal do Brasil é bem mais confortável do que a média do países do G-20 (grupo das 20 nações mais ricas do planeta). O sistema financeiro nacional tem o mesmo nível de capitalização de antes da crise. O desemprego também está em níveis pré-crise. Portanto, o país preservou suas condições fundamentais. Ou seja, o Brasil tinha recursos quando entrou na crise e tomou as medidas corretas na hora certa.
Havia muitas dúvidas quanto à capacidade do governo de administrar o país em meio a uma crise. O discurso dos críticos era o de que o Brasil não se aproveitou da bonança mundial para crescer mais. O que o senhor tem a dizer a essas pessoas?
Digo que o Brasil provou que estava no caminho correto. O país estava crescendo antes do estouro da crise acima da média mundial (6,8%), um crescimento que vinha subindo ao longo do tempo devido à ampliação dos investimentos, ancorado na estabilidade econômica, na inflação nas metas, em uma política de câmbio flutuante e em uma dívida pública cadente em relação ao PIB em função do superávit primário e dos juros reais (que descontam a inflação) cadentes. Então, o importante é que o Brasil entrou na crise com fundamentos sólidos, não sacrificou esses fundamentos para tentar crescer um pouquinho mais e depois ter um retrocesso.
Mas o mais importante, na opinião de Meirelles, é que a recuperação foi possível sem que o Brasil tivesse que sacrificar seus fundamentos macroeconômicos para tentar crescer mais e, depois, retroagir. Foi essa postura firme que permitiu, inclusive, ao BC, promover um processo inédito de queda da taxa básica de juros (Selic) em tempos de crise.
Diante da obstrução do crédito internacional, o BC abriu os cofres para socorrer empresas e exportadores, liberando US$ 39 bilhões. Interveio com US$ 33 bilhões no mercado futuro de câmbio para desmontar operações especulativas com o real. Para evitar problemas no sistema financeiro nacional, liberou R$ 100 bilhões que os bancos haviam depositado compulsoriamente em seu caixa. Todas, medidas sem custo fiscal. Quanto às políticas anticíclicas adotadas pelo Ministério da Fazenda, que têm causado desconforto no mercado por estarem focadas no aumento de gastos com pessoal, ele assegura que o Brasil está em uma posição confortável. Enquanto o deficit fiscal brasileiro fechará este ano em 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB), na média dos países do G-20 o rombo será de 8,1%.
O presidente do BC garante que o Brasil está pronto para crescer por um longo período a taxas expressivas, sem pressões inflacionárias. Para os que temem os efeitos de uma nova onda de crise, ele tranquiliza: "Nosso poder de fogo é grande. Temos um arsenal de medidas pronto para ser usado".
Veja, a seguir, trechos da entrevista que Henrique Meirelles concedeu ao Correio Braziliense.
Ao contrário dos países mais ricos, a recessão no Brasil foi rápida e menos profunda. Diante do crescimento do PIB no segundo trimestre, de 1,9%, há uma ala de economistas dizendo que o Brasil saiu mais forte da crise do que entrou. O senhor concorda?
Sim. O Brasil já entrou mais forte na crise porque sua posição relativa em relação aos demais países emergentes e países avançados melhorou. Por isso, o nosso crescimento pós-crise está se dando de forma mais rápida e mais forte. Além do mais, os sólidos fundamentos da economia brasileira foram preservados durante a crise. As reservas internacionais do país estão maiores do que na entrada da crise (US$ 220 bilhões contra US$ 205 bilhões em agosto de 2008). A situação fiscal do Brasil é bem mais confortável do que a média do países do G-20 (grupo das 20 nações mais ricas do planeta). O sistema financeiro nacional tem o mesmo nível de capitalização de antes da crise. O desemprego também está em níveis pré-crise. Portanto, o país preservou suas condições fundamentais. Ou seja, o Brasil tinha recursos quando entrou na crise e tomou as medidas corretas na hora certa.
Havia muitas dúvidas quanto à capacidade do governo de administrar o país em meio a uma crise. O discurso dos críticos era o de que o Brasil não se aproveitou da bonança mundial para crescer mais. O que o senhor tem a dizer a essas pessoas?
Digo que o Brasil provou que estava no caminho correto. O país estava crescendo antes do estouro da crise acima da média mundial (6,8%), um crescimento que vinha subindo ao longo do tempo devido à ampliação dos investimentos, ancorado na estabilidade econômica, na inflação nas metas, em uma política de câmbio flutuante e em uma dívida pública cadente em relação ao PIB em função do superávit primário e dos juros reais (que descontam a inflação) cadentes. Então, o importante é que o Brasil entrou na crise com fundamentos sólidos, não sacrificou esses fundamentos para tentar crescer um pouquinho mais e depois ter um retrocesso.
Perfeito Juliana, mas essa entrevista é com quem?
ResponderExcluirUm abraço.