O tamanho e a força da delegação brasileira que participa da Conferência Mundial do Clima (COP-15), realizada na cidade de Copenhague, na Dinamarca, é tema de uma reportagem do jornal El País. Com o título: "Brasil mostra o músculo na Cúpula do Clima", o jornal cita o protagonismo e o destaque brasileiro no evento, do qual participa com a maior delegação entre os mais de 190 países participantes, com 600 pessoas credenciadas.
A reportagem começa com uma frase dita pelo consultor especial do Ministério do Meio Ambiente sobre mudanças climática, Tasso Azevedo: "o desmatamento na Amazônia caiu porque todos os brasileiros estão aqui". Para o jornal, a vontade de se tornar uma potência mundial, segundo mostra o Brasil na Dinamarca, já ajudou o País a conquistar os Jogos Olímpicos batendo as cidades rivais de Tóquio (Japão), Chicago (EUA) e Madri (Espanha).
Em meio a delegações com pouca visibilidade, quase diariamente o Brasil protagoniza debates, coletivas de imprensa e é seguido por um exército de jornalistas. Segundo o El País, apenas o México, a Bolívia a e Costa Rica têm presença comparável.
A justificativa para o tamanho do grupo não se resume ao poder brasileiro, mas sim à presença de ONGs, sindicatos e empresários, que passaram a compor a delegação do País quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder. Eles teriam acesso aos documentos e reuniões reservadas ao negociadores.
Com a meta de cortar 36% das emissões dos gases de efeito estufa até 2020, o Brasil busca um sistema de compensação do que já foi desmatado e, a mesmo tempo, quer atrair milhões de recursos para proteger a Amazônia.
Um amplo grupo de governadores de Estados brasileiros também participa da cúpula suas próprias comitivas. Eduardo Braga, do Amazonas, foi ovacionado em um auditório ao pregar a necessidade de ajuda para conter o desmatamento ao lado do ex-economista chefe do Banco Mundial e autor do informe sobre o custo das mudanças climáticas para a economia, Nicholas Stern.
O governador paulista, José Serra, também foi citado por pedir ao lado do governador o Estado americano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, mais espaço para negociação nas regiões.
Controle de recursos
O governo federal conflita com os Estados amazônicos sobre quem deve receber os recursos para combater o desflorestamento. Para o governo o controle deve ser nacional, já os os Estados alegam que eles são os responsáveis pelo controle e pelo que acontece e querem fazer parte do processo. O governo do Amazonas já firmou acordos com empresas, como a hoteleira Marriot, para combater o desmatamento.
Os interesses do Brasil seriam muito maiores, segundo o jornal, em virtude da liderança no cultivo da cana de açúcar para produção de etanol, que faz parte da luta contra o aquecimento global, e ao mesmo tempo, dá a oportunidade para exportação dessa tecnologia. O Brasil, segundo a ONG WWF, é o sexto maior exportador de tecnologia verde em termos absolutos.
COP-15
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 7 a 18 de dezembro, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.
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