Gontijo toca o PSDB como se fosse uma empresa

O toque polifônico do celular de César Gontijo, secretário-geral do PSDB em São Paulo, ecoa pelas paredes da parrilla La Pepa, em Moema, zona sul da capital. São oito ligações recebidas em uma hora e meia de almoço. Correligionários consultam Gontijo sobre assuntos diversos: da data de lançamento da campanha de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo ao número de ônibus fretados para os tucanos que vão a Brasília, no lançamento da candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto, passando pela definição do nome que disputará o Senado no Estado.

Antonio César Gontijo de Abreu, 47 anos, ordena despesas, cuida da comunicação e da mobilização do PSDB em São Paulo. Ou, em suas próprias palavras, é o gerente da "empresa PSDB" no Estado em que o partido é mais bem sucedido, controlando quase um terço dos municípios: "No primeiro dia de gestão, me enfurnei num hotel, em São José dos Campos, com gente da executiva do partido e fiz um planejamento estratégico, com metas de crescimento no número de prefeitos e vereadores no Estado", conta.

O vocabulário político de Gontijo é recheado de expressões típicas do universo empresarial. Para coordenar a "empresa", montou um imenso portal, a extranet tucana, que desde 2008 copila informações dos 645 municípios paulistas, em especial dos 205 sob administração tucana. É a partir desse portal, restrito a simpatizantes tucanos e alimentado a cada três meses com informações dos diários oficiais de todos os municípios, que Gontijo monitora as ações dos tucanos, definindo quais diretórios têm desempenho satisfatório e aqueles que devem passar por uma reestruturação. "Em 120 diretórios tivemos de trocar a direção, por deficiência de desempenho, de atitude política", diz.

Dono de uma empresa de reprografia, César Gontijo diz dedicar 70% do seu tempo ao PSDB. Sem receber salário, faz questão de afirmar. E toca o tucanato paulista nos moldes de um negócio que se pretende bem sucedido: "Prezamos a questão dos valores aliados ao resultado. Partido só com ideologia, que é seu princípio básico, não tem efetividade. É como uma franquia. O partido, como uma matriz, viabiliza as condições técnicas. O Mc Donald ' s não pode ter problema em uma franquia, pois reflete na marca como um todo".

A executiva do PSDB é quem mais se utiliza dos serviços do portal, usado para medir as demandas de tucanos espalhados pelo Estado: "Companheiros chegam aqui dizendo que foram bem, que ganharam a eleição com 52% dos votos. E eu digo a eles: eu sei, tenho aqui um relatório com todas as ações de vocês na cidade. Vocês estão no último quarto dos municípios tucanos, bem abaixo da média".

O portal tucano permite traçar comparativos de desempenho entre partidos, uma bússola na definição de estratégias de atuação em cidades governadas por adversários. As coligações também são analisadas: "Fazer parte de um governo sem encabeçá-lo não é foco para nós em São Paulo. Pode acontecer uma vez ou outra", diz Gontijo, com o pensamento novamente voltado para resultados: "Quando o partido tem a oportunidade de administrar, coloca sua ideologia para funcionar, seu pensamento administrativo". Gontijo e sua equipe, de seis pessoas, também são responsáveis pelo envio diário de 15 mil mensagens, via celular, para lideranças tucanas, informando a agenda do governador no dia seguinte.

O deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB-ES), presidente do Instituto Teotônio Vilela, foi um dos que ficaram impressionados com o portal, que deve ganhar versões para cada Estado ou mesmo uma versão nacional que monitore as ações do tucanato. O projeto deve ser iniciado depois das eleições presidenciais.
Há 14 anos na executiva do PSDB, César Gontijo faz parte da leva egressa do PMDB que fundou o partido, em 1988.

Natural de Barretos, interior de São Paulo, foi para a capital aos 14 anos. Cursou comunicação na Faculdade Cásper Líbero, mas diz ter aproveitado pouco o curso, por já se dedicar-se à militância na época.
Trabalhou no gabinete de Mário Covas, quando este foi prefeito da capital, entre 1983 e 1985. Depois de um período dedicado às suas empresas, em 1992 lançou-se candidato a vereador de Barretos, com o médico Nelson James Wright concorrendo à prefeitura.

"Na época, fomos pedir ajuda aos companheiros de partido, entre eles o Serra, que era deputado federal". Segundo Gontijo, Serra ouviu suas pretensões, ficou de dar alguma ajuda e não entrou mais em contato. "Ninguém acreditava que tinhamos chance. Mas quando a propaganda eleitoral começou a rodar, viramos favoritos". Serra então apareceu e ofereceu o apoio antes pedido.

Ouviu de Gontijo um "não, obrigado, agora não precisamos mais". "Minha relação com o Serra é bem franca. Há um respeito mútuo porque são dois sujeitos organizados, exigentes".
Nelson James venceu em Barretos e Gontijo foi eleito vereador, numa coligação PSDB-PT (com o petista Otávio Garcia na vice de Nelson) repetida em um município próximo, Ribeirão Preto. Lá, os tucanos indicaram a vice, com Delvita Pereira, em chapa encabeçada por Antonio Palocci. "Hoje discordamos radicalmente, mas tenho Palocci como um bom amigo", diz.

Nas três eleições seguintes, Gontijo foi candidato à Prefeitura de Barretos, mas não se elegeu. Nesse meio tempo, casou e se separou quatro vezes, e teve quatro filhos, cada um com uma mulher. "E todos sentam à mesa juntos, sem problemas". Gontijo vê sua habilidade política estendida ao trato com a família, o que rendeu piadas entre amigos de partido: "Uma vez, o Vaz de Lima (deputado estadual do PSDB-SP) foi à festa de aniversário da minha atual esposa. Quando fiz as apresentações, ele viu os filhos de uma sentados no colo das outras. Uma confusão para explicar quem era quem. Na hora, o Vaz sacou o telefone, ligou para a mulher dele dizendo 'O César já me apresentou umas 18 esposas. Como ele administra isso?'" O padrinho do atual casamento de Gontijo, com Viviane, foi José Serra.

O pensamento empresarial também permeia a maneira como Gontijo enxerga as próximas eleições presidenciais. Seguindo a retórica tucana de análise de biografias, avalia: "Ninguém contrata alguém que acabou de sair da faculdade para gerir uma empresa. Todo mundo achava que o Ministério da Saúde seria o túmulo do Serra, e ele fez uma gestão lá que é referência até hoje". Questionado sobre a capacidade de gestão da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Gontijo faz pouco caso: "A Dilma perde e muito na execução de projetos. Falta conhecimento para mexer as peças. Serra vai mostrar o que sabe". Valor Ecônomico

3 comentários:

  1. Esse Cesar Contigo, é um malandro, pois em sua cidade natal, não é conceituado e foi candidato a prefeito três vezes, e não obteve exito. E agora, ele querer medias altas de politicos tucanos por todo o pais, sendo q ele mesmo não tem simpatica e nem uma boa media de votos. Afs, sacanagem. Esse cara, se voltar para cidade natal dele, que és Barretos, não ganha nem para sindico do predio mais humilde e menor da cidade. Cesár, os barretenses o deploram e o despreza, pois vc fez e faz isso com a grande Barretos. Qtas vezes, vc vem para Barretos? Quando foi a ultima vez q vc veio? Pelo que sabemos vc somente vem na epoca das camapanhas eleitoral, mas o seu reuinado esta acabando.

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  2. César Gontijo vai ser por mim, muito bem observado pois seu poder dentro do Partido é muito grande. Se eu entender que o mesmo não tem o comportamento adequado para o cargo, não exitarei em pedir o seu afastamento pois quem cobra resultado, também tem que mostra-lo.

    Um militante de Itararé/SP

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  3. Maria do Socorro- Barretos, Spquarta-feira, 18 abril, 2012

    Muta gente aqui em Barretos morre de inveja do Cesar
    gontijo, ele foi embora porque as pessoas da nossa cidade não deram valor no seu trabalho, hoje ele brilha em São Paulo, enquanto aqui em Barretos só tem Malandro na politica, espero que ele volte um dia pra cá

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