Sem professor, escola onde Serra estudou deixa aluno sem aula


Grade de colégio estadual na Mooca tem falta de professores de ciência e artes, matemática e inglês, segundo relato de pais

"Nos dias das aulas de ciências, nosso tempo na classe é ocupado com a brincadeira do jogo da velha", diz aluna da 8ª série


A escola estadual Antonio Firmino de Proença, na Mooca (zona leste de SP), que já teve como aluno o governador José Serra (PSDB), hoje sofre com a falta de professores e funcionários. "Nos dias das aulas de ciências, nosso tempo na classe é ocupado com a brincadeira do jogo da velha", afirma Luciana Bernardo de Lemos, 13, aluna da 8ª série do colégio de ensino médio e fundamental.
Luciana tem como objetivo passar no concorrido exame de admissão da ETE (Escola Técnica Estadual) Camargo Aranha, também na Mooca, no fim do ano. Ela quer se tornar técnica em administração. Na época em que Serra freqüentou o colégio, o ensino de exatas era referência na escola.

Agora, Luciana e a mãe, a dona-de-casa Solange Bernardo, 44, temem que a aluna não possa desfrutar do ensino que as ETEs oferecem. "Há dois meses, minha filha não tem aulas de ciências e educação artística. Desse jeito, vai ser difícil ela conseguir uma vaga na escola técnica, porque a concorrência é grande", diz Solange.
A ajudante-geral Maria Rodrigues da Silva, 40, conta, com irritação, que o filho Bruno, 12, aluno da 6ª série, chega a ter quatro aulas vagas em alguns dias, e, junto com os colegas, acaba indo para o pátio da escola. "Isto é um absurdo. O lugar do aluno é na sala de aula. As crianças vão para o pátio e acabam se envolvendo em confusões e brigas", reclama a mãe.

Além de ciência e artes, pais e alunos indicam matemática e inglês como as matérias que mais têm buracos na grade diária por causa da falta de professores no colégio.
A escola também tem um quadro insuficiente de funcionários, dizem servidores que pediram anonimato. "Temos aqui poucos funcionários. Quando alguém tira licença, é um Deus-nos-acuda", disse um dos funcionários.

A unidade possui 16 funcionários, sem contar os professores -quatro efetivos e 12 prestadores de serviços que tomam conta de 1.700 alunos, em três turnos de ensino. A reportagem não encontrou problemas de conservação na área externa e no saguão de entrada da escola. Nos muros da unidade, há inclusive várias pinturas que fazem referência à tradição e à importância do colégio para o bairro. A ano de fundação da escola, 1946, é lembrado em várias das inscrições.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1306200710.htm

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